Política

Caiado diz que Lula vive seu pior momento e reafirma candidatura ao Planalto

Governador de Goiás criticou postura do presidente, falou em “baixaria” institucional e garantiu que disputará a Presidência, mesmo com candidatura de Tarcísio

Durante participação no XIII Fórum de Lisboa, na última quarta-feira (2), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), elevou o tom contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmando que o petista vive seu “pior momento político” e que “precisa sentar para trabalhar”. Aos 75 anos, Caiado não poupou críticas à condução do governo federal e classificou como “destempero completo” as recentes declarações de Lula, além de sugerir que o presidente, “já idoso, deveria ter mais juízo”.

Em fala direcionada à imprensa, o governador goiano acusou Lula de “colocar o Congresso Nacional como inimigo do povo”, o que, segundo ele, é uma tentativa de deslegitimar o papel do Legislativo. “É um processo de querer desconhecer as regras da democracia”, afirmou.

“[Lula está] taxando o Congresso Nacional de inimigo do povo. É realmente um processo de querer desconhecer as regras da democracia. Se pede que haja uma harmonia entre os poderes, mas você tem que respeitar a harmonia entre os poderes. Falta ao presidente ele realmente sentar para trabalhar”, declarou Caiado.

Caiado também comentou sobre os vídeos divulgados pelo Palácio do Planalto, que criticam a derrubada do decreto sobre o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e outros embates com o Congresso. Para o governador, o tom adotado nas peças institucionais é “de guerra”, comparável a uma “Guerra de Secessão”. “O nível é de baixaria. O presidente deveria exercer o papel de conciliar e dialogar com todos, e não apenas com aliados ideológicos”, disparou.

Pré-candidatura e apelo à direita

Além das críticas ao atual governo, Caiado reforçou sua posição como pré-candidato à Presidência da República em 2026. Ele afirmou que seguirá na disputa mesmo que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decida concorrer. “Serei candidato mesmo se Tarcísio for candidato”, garantiu.

O goiano ainda disse esperar o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem se referiu como um nome de relevância nacional. “Primeiro turno é momento de debates. A convergência é no segundo turno. Fora ele [Bolsonaro], todos estamos na mesma situação”, declarou.

Durante o evento, Caiado também defendeu a anistia total aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Segundo ele, essa seria sua primeira medida caso seja eleito presidente. “O Brasil precisa virar essa página. Essas pessoas foram vítimas de uma narrativa autoritária e merecem reconciliação”, afirmou.

Segurança e combate ao tráfico

Outro ponto abordado por Caiado foi a política de segurança pública. Ele defendeu “tolerância zero ao narcotráfico” e criticou o que chamou de leniência do governo federal com a criminalidade. “O Brasil não pode afrouxar o combate ao crime. O tráfico de drogas destrói vidas, famílias e deve ser enfrentado com rigor”, destacou.

XIII Fórum de Lisboa

A fala do governador ocorreu durante o primeiro dia do XIII Fórum de Lisboa, que segue até sexta-feira (4). O evento, com o tema “O mundo em transformação — Direito, Democracia e Sustentabilidade na Era Inteligente”, reúne autoridades e especialistas de diversos países para debater os impactos da tecnologia, da inteligência artificial, das mudanças climáticas e da governança global.

O Fórum é promovido anualmente e tem ganhado relevância internacional por fomentar discussões estratégicas sobre os desafios contemporâneos nas esferas política, jurídica e ambiental.

Pré-candidatura confirmada

Durante a entrevista, Ronaldo Caiado também confirmou que é pré-candidato à presidência em 2026. Segundo ele, a disputa deve começar com o diálogo entre diferentes nomes da oposição, deixando a possibilidade de convergência para o segundo turno. Caiado ainda indicou que espera contar com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), embora não condicione sua candidatura a essa aliança.

“Primeiro turno é momento de debates. A convergência é no segundo turno. (…) O nome dele [Bolsonaro] é um nome nacional. Fora ele, todos estamos na mesma situação”, disse Caiado, referindo-se ao fato de que, atualmente, não há um líder claro da oposição para enfrentar Lula nas próximas eleições.

Indagado sobre uma possível candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado de Bolsonaro e apontado como possível presidenciável, Caiado foi enfático: “Serei candidato mesmo se Tarcísio for candidato”.

Fórum debate IA, democracia e clima

Promovido anualmente, o Fórum de Lisboa chega à sua 13ª edição com foco nas grandes transformações que afetam o mundo contemporâneo. De acordo com os organizadores, os debates deste ano buscam entender os impactos da inteligência artificial em diversas áreas, incluindo democracia, meio ambiente, direitos humanos e governança internacional.

“Será abordado um panorama sobre como a tecnologia e a inteligência artificial atingem diferentes campos e os impactos no Brasil, na Europa e no mundo”, destaca o site oficial do evento. As discussões também visam refletir sobre os desafios contemporâneos, como as mudanças climáticas, a sustentabilidade e o futuro das instituições democráticas.

Com presença de líderes internacionais, o evento se firma como um espaço de troca de ideias sobre os caminhos possíveis para enfrentar as transformações globais. Caiado participa como representante do Brasil, sendo um dos nomes em evidência entre os líderes regionais com projeção nacional.

Conexão internacional e posicionamento político

A fala de Ronaldo Caiado durante o fórum sinaliza não apenas sua pré-campanha, mas também sua tentativa de ganhar visibilidade internacional e construir pontes com setores estratégicos fora do Brasil. Ao criticar Lula em um evento fora do país, Caiado também se alinha a uma narrativa que busca apresentar sua candidatura como alternativa mais firme e liberal frente ao atual governo federal.

Mesmo sem declarar alianças fechadas, o governador deixa claro que deseja unir forças com outros nomes do campo da direita, mas sem abrir mão de sua própria trajetória. Com um discurso que mistura críticas institucionais e defesa da democracia, Caiado tenta se posicionar como um nome moderado, mas combativo, na disputa que já começa a tomar forma.

GED

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