Prisão de Bolsonaro é mantida após audiência de custódia; ex-presidente atribui violação da tornozeleira a surto causado por remédios
Ex-presidente disse ter tido alucinação sobre suposta escuta no equipamento; juíza homologou prisão e descartou abusos policiais
A manutenção da prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi confirmada na audiência de custódia realizada neste domingo (23), um dia depois de ele ser detido por tentar violar a tornozeleira eletrônica que usava por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão foi homologada pela juíza auxiliar Luciana Yuki Fugishita Sorrentino, responsável pelo procedimento.
Durante a audiência, realizada por videoconferência, Bolsonaro afirmou que o episódio ocorreu por causa de uma “alucinação” provocada pela interação entre medicamentos que estaria tomando nos últimos dias, entre eles pregabalina e sertralina. Segundo a versão apresentada, a suposta paranoia fez com que ele acreditasse haver uma escuta dentro do equipamento de monitoramento.
O ex-presidente relatou que utilizou um ferro de solda — que já tinha em casa — para tentar abrir a tornozeleira durante a madrugada. Ele disse ter começado a mexer no dispositivo tarde da noite e parado por volta da meia-noite, quando “caiu na razão” e comunicou agentes responsáveis por sua custódia. Bolsonaro negou que tivesse qualquer intenção de fuga.
Sem irregularidades na prisão
Bolsonaro afirmou à juíza que não sofreu abuso, violência ou irregularidades na abordagem policial que cumpriu o mandado de prisão no sábado (22), por volta das 6h da manhã. A Procuradoria-Geral da República manifestou-se pela regularidade da custódia, destacando que o próprio investigado confirmou a correção da atuação policial.
A defesa também questionou o ex-presidente sobre eventual plano de fuga. Bolsonaro negou categoricamente e argumentou que a vigília convocada por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, não teria como favorecer uma escapada, já que o local ficava a cerca de 700 metros de sua casa — distância que, segundo ele, não criaria tumulto suficiente para uma tentativa de evadir-se.
Relato detalhado sobre os remédios
Bolsonaro afirmou ainda que os medicamentos foram prescritos por médicos diferentes — Cláudio Birolini, Leandro Chenique e Marina Graziottin Pasolini — sem que houvesse comunicação entre eles. De acordo com sua explicação, isso teria provocado o episódio de confusão mental que o levou a tentar abrir a tornozeleira.
Decisão da juíza
Após ouvir todas as partes, a juíza homologou o cumprimento do mandado de prisão e confirmou a manutenção da medida, afirmando que não havia qualquer ilegalidade ou falha nas etapas do procedimento.
Com a decisão, Bolsonaro segue detido na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde permanece desde a manhã de sábado.



