Notícia

O que explica o aumento assustador do câncer colorretal que matou Preta Gil em menores de 50 anos

Da Redação
[email protected]

O aumento dos casos de câncer colorretal em pessoas jovens, com menos de 50 anos, tem causado preocupação entre médicos e pesquisadores no Brasil e no mundo. Termos como “assustador”, “preocupante” e “alerta mundial” foram usados por especialistas para descrever essa tendência crescente. Recentemente, a cantora e apresentadora Preta Gil faleceu aos 50 anos após complicações da doença, descoberta quando tinha 48, evidenciando a gravidade do problema.
O câncer colorretal atinge o intestino grosso (cólon) e o reto, e tem impacto significativo na saúde e qualidade de vida. Embora continue mais comum em pessoas acima dos 50 anos, a doença apresenta um aumento expressivo entre jovens, fenômeno que chamou a atenção mundial nas últimas décadas.
Nos Estados Unidos, a taxa de incidência entre pessoas jovens subiu cerca de 70% em 30 anos, levando autoridades a reduzirem a idade recomendada para exames preventivos de 50 para 45 anos. No Brasil, dados preliminares indicam crescimento semelhante, ainda que em menor escala.

Números e tendências

Um relatório da Sociedade Americana de Câncer indicou que em 2019, 20% dos diagnósticos de câncer colorretal ocorreram em pessoas com menos de 55 anos, o dobro da taxa de 1995. Estima-se que em 2023 os EUA terão cerca de 19,5 mil casos e 3,7 mil mortes nessa faixa etária.
No Brasil, a epidemiologista Marianna Cancela, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), aponta que, embora o câncer colorretal aumente em todas as idades, entre homens jovens o crescimento é estatisticamente significativo — de cerca de 5 para 6 casos por 100 mil habitantes entre 2000 e 2017. Entre mulheres jovens, o aumento ainda não é estatisticamente relevante.
Mais preocupante é a previsão de aumento na mortalidade por câncer colorretal no país para as próximas décadas, contrariando as metas da Organização das Nações Unidas (ONU) para redução de mortes prematuras por câncer.

Causas e hipóteses

Para o oncologista Samuel Aguiar Jr., do A.C. Camargo Câncer Center, o crescimento do câncer colorretal em jovens é “um alerta mundial”. Especialistas destacam que o impacto na vida dos jovens é enorme, já que afeta uma fase cheia de projetos pessoais e profissionais.
Embora ainda não exista uma explicação definitiva, pesquisadores relacionam o fenômeno ao avanço da urbanização, à dieta baseada em alimentos ultraprocessados e ao sedentarismo. O sobrepeso e a obesidade, cada vez mais comuns, também são fatores que aumentam o risco da doença.
Outra hipótese levanta o uso indiscriminado de antibióticos — tanto na medicina quanto na produção animal — como possível fator de alteração da microbiota intestinal, influenciando o surgimento do tumor.

Prevenção e diagnóstico

Diante desse cenário, os EUA já recomendam exames preventivos a partir dos 45 anos. No Brasil, o Inca está debatendo a criação de um programa público de rastreamento do câncer colorretal, ainda em fase de planejamento.
Dois exames principais ajudam na detecção precoce: o teste de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia. O primeiro é simples, barato e eficaz para triagem anual; já a colonoscopia é o padrão ouro para diagnóstico e permite a remoção de pólipos, lesões precursoras do câncer, mas é mais complexa e menos acessível.
Especialistas sugerem um esquema de triagem: o exame de sangue oculto nas fezes seria aplicado em pessoas acima de 45 anos, e a colonoscopia ficaria reservada para casos com resultados positivos, otimizando recursos e ampliando a cobertura.

Perspectivas de tratamento

Apesar da preocupação, o prognóstico do câncer colorretal tem melhorado graças aos avanços em cirurgias e novos medicamentos, incluindo imunoterápicos e quimioterápicos. Quando detectado precocemente, o índice de cura ultrapassa 95%, reforçando a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.

GED

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo