Debate sobre fim da escala 6×1 avança com proposta de transição para pequenos negócios
Governo defende modelo que reduza jornada sem prejudicar micro e pequenas empresas
Por Ana Lucia
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Durante entrevista concedida na última terça, dia 25, o ambiente político em Brasília foi marcado por novas discussões sobre a mudança na jornada de trabalho no país. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, destacou que o debate sobre o fim da escala 6×1 deverá incluir um período de transição específico para micro e pequenas empresas, de modo a evitar impactos financeiros imediatos. A sinalização ocorre em meio à tramitação da PEC nº 8/2025, que propõe jornada máxima de 36 horas semanais e adoção de quatro dias de trabalho por semana.
Boulos ressaltou que o desenho final da proposta dependerá de cálculos técnicos e de diálogo no Congresso, mas adiantou que caminhos já estão sendo considerados, como mecanismos de compensação, estímulo ou eventuais desonerações fiscais para negócios de menor porte. A preocupação central é impedir que empreendedores que empregam poucas pessoas sejam sobrecarregados por uma mudança abrupta.
O ministro reforçou que é necessário diferenciar grandes corporações, com capacidade financeira robusta, dos pequenos estabelecimentos que dependem de mão de obra reduzida para funcionar. Segundo ele, a sustentabilidade dessas atividades precisa ser preservada durante a transição para um novo modelo de jornada, caso a PEC seja aprovada.
Enquanto setores empresariais manifestam resistência, alegando aumento dos custos operacionais e necessidade de contratar mais trabalhadores, o governo considera que a redução da carga horária tem forte impacto social. Para Boulos, milhões de brasileiros vivem rotinas que dificultam o convívio familiar, o descanso adequado e até a possibilidade de buscar estudo ou lazer. Ele citou situações frequentes de trabalhadores que só conseguem folgar em dias nos quais a família está ocupada com trabalho ou escola, o que reforça a necessidade de modernizar a regulamentação.
Com o avanço da discussão legislativa, o tema deve ganhar força nas próximas semanas, envolvendo parlamentares, empresários, trabalhadores e especialistas em relações do trabalho. O governo aposta na construção de um acordo que una proteção social, eficiência econômica e um caminho de transição que não deixe pequenos negócios vulneráveis.



