Cães podem detectar cheiro do estresse humano e reagir emocionalmente, revela estudo
Pesquisa da Universidade de Bristol destaca empatia canina e sugere uma conexão evolutiva profunda entre humanos e cães

Em um estudo inovador, cientistas da Universidade de Bristol, na Inglaterra, descobriram que os cães são capazes de detectar o cheiro do estresse humano e, surpreendentemente, também reagem emocionalmente a essa condição. Publicada no periódico Scientific Reports nesta segunda-feira, a pesquisa lança luz sobre a complexa relação evolutiva entre humanos e seus companheiros caninos, sugerindo que esses animais podem ser mais empáticos do que a ciência imaginava.
A convivência entre humanos e cães remonta a aproximadamente 30.000 anos, de acordo com evidências antropológicas e de DNA. Durante esse tempo, os cães desenvolveram habilidades notáveis para interpretar dicas verbais e visuais de seus donos, facilitando uma comunicação eficaz entre as espécies. No entanto, o novo estudo revela que essa comunicação também inclui o olfato, uma área menos explorada até agora.
Para investigar essa conexão, os pesquisadores recrutaram 18 cães de raças variadas e seus donos, além de 11 voluntários que não eram familiares aos animais. Os voluntários foram submetidos a uma tarefa estressante que envolvia falar em público e resolver problemas de aritmética, enquanto amostras de suor eram coletadas. Posteriormente, os participantes realizaram um exercício de relaxamento, e mais amostras de suor foram recolhidas.
Os cães foram então expostos a essas amostras de suor. Durante o experimento, os animais foram treinados para identificar tigelas contendo guloseimas em locais específicos. Os resultados mostraram que, quando os cães cheiravam amostras de suor de voluntários estressados, eram menos propensos a se aproximar das tigelas em locais ambíguos, sugerindo um humor mais pessimista. Por outro lado, a proximidade com pessoas relaxadas não produziu esse efeito.
Zoe Parr-Cortes, autora principal do estudo, acredita que essa habilidade pode ter evoluído para alertar os cães sobre possíveis ameaças percebidas por outros membros da “matilha”, neste caso, os humanos. Katherine A. Houpt, professora emérita da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, destacou que o cheiro do estresse pode impactar o apetite dos cães, reduzindo sua motivação para comer. Isso poderia explicar por que cachorros de donos estressados exibem comportamentos incomuns.
Essa pesquisa sugere que os cães não apenas interpretam dicas visuais e verbais, mas também são sensíveis a sinais olfativos de estresse em humanos. Esta descoberta reforça a ideia de que os cães são profundamente sintonizados com as emoções humanas, uma habilidade que provavelmente evoluiu ao longo de milênios de convivência.
As implicações dessa pesquisa são vastas. Não só ajuda a entender melhor a complexidade da empatia canina, mas também levanta questões sobre como o estresse humano pode afetar o bem-estar dos cães. Futuras análises sobre empatia canina podem oferecer novas perspectivas sobre a relação entre humanos e seus companheiros de quatro patas, além de fornecer insights sobre como gerenciar melhor o estresse em ambientes domésticos para o benefício de todos.
Fonte: Scientific Reports, Universidade de Bristol
Imagem: Freepik