Presidente da Coreia do Sul é indiciado por insurreição
Da Redação
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Promotores da Coreia do Sul indiciaram neste domingo (26) o presidente afastado Yoon Suk Yeol sob acusações de liderar uma insurreição por meio da imposição de uma polêmica lei marcial no dia 3 de dezembro. Segundo os advogados de Yoon e o principal partido de oposição, o decreto buscava proibir atividades políticas e parlamentares, além de controlar a mídia, provocando uma crise sem precedentes no país.
As acusações contra Yoon não têm precedentes na história sul-coreana. Caso seja condenado, ele pode enfrentar anos de prisão ou até prisão perpétua. O país, no entanto, não aplica a pena de morte há décadas. O indiciamento ocorre após semanas de investigação e uma recomendação de acusação feita por investigadores anticorrupção.
Yoon, que já foi um promotor de alto escalão, foi suspenso de suas funções presidenciais em 14 de dezembro após sofrer impeachment pelo Parlamento. Desde 15 de janeiro, ele está em confinamento solitário, tornando-se o primeiro presidente sul-coreano no exercício do cargo a ser preso.
O decreto de lei marcial emitido por Yoon desencadeou uma onda de instabilidade política na quarta maior economia da Ásia, um importante aliado dos Estados Unidos. Além do impeachment do presidente, o primeiro-ministro também foi suspenso, e vários oficiais militares de alto escalão estão sendo investigados por seu envolvimento no suposto plano de insurreição.
Os advogados de Yoon classificaram o indiciamento como a “pior escolha” da promotoria e afirmaram que a declaração de lei marcial foi um “apelo desesperado” para resolver uma crise nacional gerada pela oposição. Em audiência no Tribunal Constitucional, a defesa argumentou que a medida não era para ser totalmente implementada, mas servia apenas como um aviso para romper o impasse político.
Por outro lado, críticos consideram o decreto uma tentativa de consolidar poder e silenciar a oposição. Segundo promotores, as ações de Yoon configuram uma violação grave das leis do país, com o objetivo de minar a democracia.
Neste fim de semana, um tribunal rejeitou dois pedidos da promotoria para estender a detenção de Yoon enquanto as investigações continuam. Com o indiciamento formal, os promotores solicitaram novamente sua permanência sob custódia.
o Tribunal Constitucional está analisando o julgamento de impeachment. A corte tem um prazo de 180 dias para decidir se Yoon será definitivamente destituído do cargo ou se terá seus poderes restaurados.
A crise gerada pelas ações de Yoon trouxe incertezas para a Coreia do Sul, tanto no campo político quanto no econômico. A instabilidade atinge um momento sensível para o país, que busca fortalecer sua posição global enquanto enfrenta tensões regionais e desafios econômicos.
A decisão final sobre o destino de Yoon pode definir o futuro da democracia sul-coreana e estabelecer novos precedentes sobre os limites do poder presidencial no país.