Pesquisas mostram Lula, Bolsonaro e 3ª via parados no mesmo lugar
No momento, não há nada que indique mudança em relação às intenções de voto para presidente
A cada nova pesquisa de intenção de voto, independentemente do instituto responsável pelo levantamento, o resultado é quase o mesmo: o ex-presidente Lula (PT) com pelo menos 10% à frente do presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto os outros candidatos têm dificuldade de decolar.
A média de todas as pesquisas públicas de julho do ano passado até janeiro de 2021 não deixa mentir. Nesse recorte temporal, Lula começou com 40%. Atingiu 43%, em setembro, e agora registra 42%.
Bolsonaro, por sua vez, tinha 30%. Em dezembro, apareceu com 26%. No mês seguinte, 27%. A soma dos demais candidatos era de 20%. Marcou 23%, em outubro, e voltou para 20%, em janeiro.
Esses números foram compartilhados nas redes sociais pelo cientista político Alberto Carlos Almeida, autor dos livros “A cabeça do eleitor” e “O voto do brasileiro”. Com os presidenciáveis basicamente oscilando dentro da margem de erro ao longo dos últimos sete meses, ele definiu a corrida eleitoral como “entediante”.
De fato, no momento, não há nada que indique mudança em relação às intenções de voto para presidente. Como não existe um candidato em ascensão ou outro em declínio, a tendência é a manutenção do atual cenário, ou seja, duas vias consolidadas e a terceira via batendo cabeça. Só um fato novo muito relevante é capaz de alterar a situação.
Terceira via
Pouco depois de o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro (Podemos) lançar sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, manchetes na imprensa relataram uma previsão de dirigentes partidários, segundo os quais ele ultrapassaria Bolsonaro nas pesquisas até fevereiro.
Cá estamos e, como se sabe, nada mudou. Moro não empolgou. Estagnado, o ex-juiz responsável por julgar em primeira instância os casos da Lava Jato em Curitiba viu o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) empatar numericamente.
Conforme o jornal O Hoje já analisou anteriormente, o que se tem, na prática, são duas terceiras vias, uma à esquerda, com Ciro, e outra à direita, com Moro. O problema dos que rejeitam tanto Lula quanto Bolsonaro é que esse eleitorado não é ideologicamente homogêneo e, por isso, não há um único nome capaz de uni-lo.
Além de Ciro e Moro, vale citar o nome do governador de São Paulo, João Doria, pré-candidato a presidente pelo PSDB. Uma ala do partido está insatisfeita com ele, mas, por administrar o maior estado brasileiro e ter um histórico de vitória improvável em eleições, não dá para descartá-lo.
No entanto, com Lula e Bolsonaro na disputa, a chance da terceira via conseguir quebrar essa polarização é mínima, a não ser que o petista ou o atual presidente desista, o que levaria necessariamente algum candidato a ocupar o espaço que se abriria.
Kassab
Sabendo disso, uma das figuras mais articuladas da política brasileira, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, deu início a uma aproximação com Lula, embora seu partido ainda tenha o senador Rodrigo Pacheco como presidenciável.
Pacheco, contudo, não passa de 1% das intenções de voto. Kassab, então, se reuniu com Lula para discutir um eventual apoio ao PT já no primeiro turno. Nas redes sociais, o cientista político Dawisson Belém Lopes explicou essa movimentação.
“O presidente do PSD sabe que o primeiro turno tem cada vez mais pinta de turno único. Se deixar para depois, perderá espaço e capacidade de barganha”, escreveu. “Se quiser antecipar o resultado de um processo político, olhe para o Kassab.”
E não para por aí. Na quinta-feira (10), Kassab participou, ao lado de dirigentes de PSB, PCdoB e PSOL, de um evento virtual em comemoração aos 42 anos do PT. “Poucos partidos têm tanta história no mundo. Todos nós, brasileiros, temos um profundo orgulho das realizações e do legado que o PT já nos deixou”, afirmou.