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Entenda o caso das goianas presas na Alemanha após terem malas trocadas por bagagens com drogas

Polícia Federal descobriu que funcionários do aeroporto de Guarulhos trocavam etiquetas de malas para enviar droga para o exterior. Jeanne e Kátyna iam passear, mas estão detidas há mais de um mês.

A veterinária goiana Jeanne Paolini, de 40 anos, e a namorada, a empresária Kátyna Baía, de 44, estão presas há um mês na Alemanha. Elas planejaram uma viagem de 20 dias pela Europa, mas, ao desembarcarem em Frankfurt, foram detidas acusadas de tráfico internacional de drogas. Conforme a defesa delas, as duas são inocentes e tiveram as etiquetas de suas malas trocadas por outras que continham entorpecentes.

Jeanne e Kátyna estão presas desde o último dia 5. Nas bagagens atribuídas ao casal, foram apreendidos 40 kg de cocaína. Apesar de dizerem que aquelas não eram suas malas, as duas foram levadas para um presídio feminino, onde seguem até o momento.

Depois da prisão das brasileiras, a Polícia Federal passou a apurar o caso e, na terça-feira (4), prendeu seis pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha que enviava drogas para o exterior trocando etiquetas de bagagens no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo. Conforme a corporação, funcionários terceirizados do terminal estavam envolvidos no esquema.

A superintendente da Polícia Federal em Goiás, Marcela Rodrigues, disse em entrevista coletiva que há indícios de que as goianas não eram donas das malas com cocaína. “Elas embarcaram com malas contendo menos de 20kg e foi identificado no aeroporto da Alemanha 20kg de entorpecentes em cada uma das bagagens. Elas afirmaram que as malas não eram delas”, esclareceu a delegada.

O chefe do gabinete de Assuntos Internacionais do Governo de Goiás, Giordano Sárvio Cavalcante de Souza, destacou que um um relatório foi enviado à polícia alemã sobre o caso. Nele, fotos mostram as malas das brasileiras em Guarulhos. As que foram apreendidas em Frankfurt, mas que estavam com etiquetas com os nomes delas, são de cores diferentes.

Pedimos as autoridades alemãs para analisar o processo de maneira mais célere e coloca-lás em liberdade, nem que seja para responder em liberdade enquanto seguir a investigação lá”, explicou Giordano Souza.

Sonho que virou pesadelo

A defesa das brasileiras destacou que elas já tinham feito outras viagens juntas e que desta vez planejavam passar 20 dias passeando por pontos turísticos europeus. As duas embarcaram no Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, e fizeram uma conexão no Aeroporto de Guarulhos. Foi lá que suas bagagens acabaram com as etiquetas trocadas. As malas das duas até agora não foram achadas.

O delegado da Polícia Federal Rodrigo Teixeira destacou que as goianas não têm o perfil de “mulas”, como são chamadas as pessoas que viajam com o objetivo de transportar entorpecentes, já que elas fizeram todo um planejamento para a viagem.

“Não há o perfil de mulas para essas passageiras, através da compra da passagem com bastante antecedência, seguro viagem. Houve todo uma programação para essa viagem ao exterior. Não é o perfil de quem trafica dessa maneira”, destacou o delegado.

Troca de malas

Malas de brasileiras presas na Alemanha foram trocadas em São Paulo, segundo a PF de Goiás — Foto: Reprodução/Encontro

Malas de brasileiras presas na Alemanha foram trocadas em São Paulo, segundo a PF de Goiás — Foto: Reprodução/Encontro

A Polícia Federal em Goiás começou a investigar o caso após a prisão das goianas. As imagens das câmeras de seguranças do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, mostram o desembarque de duas malas, uma branca e uma preta.

 

Essas malas foram despachadas no aeroporto goiano, mas no meio do caminho, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, o maior do Brasil, as etiquetas foram trocadas por funcionários terceirizados que cuidavam das bagagens.

As malas que chegaram a Frankfurt com os nomes das goianas são marrom claro e escuro.

Segundo a Polícia Federal, nas escalas internacionais, o passageiro despacha a mala no aeroporto de origem e só pega de volta no destino final, ou seja, Jeanne e Kátyna nem viram a troca das bagagens e das etiquetas.

Em 4 de abril desse ano, a investigação identificou seis funcionários que trocavam as etiquetas das malas, de forma aleatória, para enviar cocaína para o exterior. Eles foram presos em São Paulo.

Audiência

Quadrilha foi presa em Guarulhos

Jeanne Paollini e Kátyna Baía em viagem em Paris, na França — Foto: Reprodução/Redes sociais

 

As brasileiras passaram por uma audiência de custódia com o Judiciário de Frankfurt em 5 de abril, um mês depois da prisão. O juiz disse que há indícios de que Jeanne e Kátyna sejam inocentes, mas que recebeu parte do inquérito aberto pela Polícia Federal, que trata somente das goianas.

Assim, o magistrado solicitou que fosse enviado todo o inquérito, os vídeos obtidos pela Polícia Federal e informações sobre as prisões dos suspeitos para avaliar melhor o caso e soltá-las.

A documentação foi enviada em 7 de abril para o gabinete do magistrado.

Rotina no presídio

Jeanne Paollini e Kátyna Baía, goianas presas na Alemanha após terem malas trocadas por bagagens com drogas — Foto: Reprodução/Instagram

Jeanne Paollini e Kátyna Baía, goianas presas na Alemanha após terem malas trocadas por bagagens com drogas — Foto: Reprodução/Instagram

A rotina das brasileiras Jeanne Paollini e Kátyna Baía tem sido de frio e solidão nas celas “minúsculas” e individuais da penitenciária de Frankfurt, onde estão detidas há mais de um mês, segundo a advogada delas.

 

“Elas estão angustiadas porque estão presas há mais de 1 mês e perguntam muito pelos familiares. Elas estão morrendo de saudade. A Kátyna, por exemplo, não conseguiu falar com a mãe nesse tempo todo e elas são muito apegadas”, contou a advogada Luna Provázio.

Câmera de segurança mostra goianas chegando no Aeroporto de Goiânia com as malas verdadeiras, em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Câmera de segurança mostra goianas chegando no Aeroporto de Goiânia com as malas verdadeiras, em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

O contato das goianas com o Brasil foi feito até agora basicamente com a advogada, e somente por telefone fixo porque o presídio não permite videochamadas.

“Elas estão em celas separadas e me relataram que são minúsculas. Elas disseram que passam frio porque o presídio não fornece roupa de frio adequada e elas tiveram todos os bens pessoais apreendidos”, relatou a advogada.

Família e advogada de goianas presas embarcam para a Alemanha

Familiares e a advogada das goianas que estão presas na Alemanha, há mais de um mês, após terem as malas trocadas por bagagens com drogas em um esquema envolvendo funcionários de um aeroporto, embarcaram para Frankfurt nessa segunda-feira (10/4), com o objetivo de dar suporte e acolhimento a Kátyna Baía e Jeanne Paollini.

A irmã de Kátyna Baía, Lorena Baía, a mãe de Jeanne e a advogada Luna Provázio embarcaram para a Europa com bagagens de mão. Segundo elas, a viagem tem o apoio da Polícia Federal e da embaixada brasileira na Alemanha.

Em uma postagem nas redes sociais, Lorena manifestou esperança na soltura da irmã. “Deus é amor, mas também é justiça. Ele é sempre justo, nunca age de forma desonesta e retribui a cada um aquilo que merece. Deus é o juiz que não comete erros. É nas mãos Dele que entregamos e esperamos”, escreveu ela.

 

 

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