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Morre Francisco Cuoco aos 91 anos, ícone das novelas brasileiras

Ator estava internado havia 20 dias em São Paulo; carreira marcou gerações na TV, teatro e cinema

O Brasil se despede de um dos maiores galãs da televisão. Francisco Cuoco morreu no último dia 19 de junho, aos 91 anos, em São Paulo. A informação foi confirmada por familiares do ator, que o acompanhavam nos últimos meses durante sucessivas internações. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein há cerca de 20 dias e vinha sendo mantido sedado. A causa da morte não foi divulgada oficialmente, mas, segundo sua irmã, Grácia, ele enfrentava complicações de saúde relacionadas à idade e a uma infecção.

Ícone da teledramaturgia nacional, Cuoco construiu uma carreira sólida com personagens marcados pela voz grave, olhar sedutor e uma aura de mistério. Seu carisma e presença cênica fizeram dele um dos rostos mais reconhecidos da televisão brasileira, especialmente nas décadas de 1970 e 1980, em grandes produções da TV Globo.

De feirante a estrela da dramaturgia

Nascido em novembro de 1933, no bairro do Brás, em São Paulo, Francisco Cuoco veio de uma família simples e começou a trabalhar ainda jovem como feirante, ajudando o pai. A paixão pela arte surgiu no início dos anos 1950, quando passou a estudar na Escola de Arte Dramática, ligada à USP.

A estreia no teatro aconteceu em 1958, em uma peça dirigida por Alberto D’Aversa e estrelada por Fernanda Montenegro e Sérgio Britto. Curiosamente, seu primeiro personagem era um gladiador que já entrava morto em cena. Mesmo sem falas, aquele papel marcou o início de uma trajetória brilhante.

No ano seguinte, Cuoco integrou a formação do Teatro dos Sete, grupo liderado por Fernanda Montenegro e Gianni Ratto. Ao mesmo tempo, iniciou participações em teleteatros da TV Tupi e, em 1964, protagonizou sua primeira novela: Marcados pelo Amor, na TV Record.

Um galã que marcou época

O reconhecimento nacional veio com a novela Redenção (1966), e se consolidou ao lado de Regina Duarte, com quem formou um dos casais mais memoráveis da teledramaturgia, em títulos como Selva de Pedra (1972). Outros papéis inesquecíveis foram o taxista Carlão, de Pecado Capital (1975), e o enigmático Herculano Quintanilha, em O Astro (1977), novela de Janete Clair que se tornou um marco da TV brasileira.

Em O Outro (1987), interpretou dois personagens — Paulo Della Santa e Denizard de Mattos — em uma trama cheia de suspense e reviravoltas. Em 2011, voltou à nova versão de O Astro, desta vez em papel coadjuvante.

Retorno aos palcos e passagem pelo cinema

Após um período afastado do teatro, Cuoco retornou aos palcos em 2004 com Três Homens Baixos, seguido de montagens como Circuncisão em Nova York (2008), Deus é Química (2009), ao lado de Fernanda Torres, e Uma Vida no Teatro (2013), dirigida por Alexandre Reinecke.

Sua trajetória no cinema também se destacou nas últimas décadas, com atuações em Traição (1998), Gêmeas (1999), Um Anjo Trapalhão (2000) e Cafundó (2005), este último dirigido por Clóvis Bueno e Paulo Betti.

Além da atuação, Cuoco também explorou a música. Em 1975, lançou o disco romântico Solead e, posteriormente, o álbum Paz Interior, com 16 orações católicas musicadas.

Legado

Francisco Cuoco deixa três filhos: Rodrigo, Diogo e Tatiana, que reside em Londres. Segundo a família, Tatiana conseguiu visitar o pai nos últimos dias, embora ele já estivesse inconsciente.

Com uma carreira que atravessou mais de seis décadas, Cuoco deixa um legado inestimável para as artes brasileiras. Suas interpretações ajudaram a moldar a identidade da televisão nacional, levando emoção, charme e carisma para milhões de lares.

GED

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