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Redes sociais: da promessa de conexão ao colapso do diálogo

Da Redação
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Em pouco mais de duas décadas, as redes sociais deixaram de ser espaços experimentais para se tornarem ambientes centrais da vida contemporânea. O que começou nos anos 1980, com sistemas como os BBS, ganhou fôlego na década de 1990 com fóruns e comunidades virtuais. Com o surgimento de plataformas como MySpace (2003) e Orkut (2004), e mais tarde com o avanço de smartphones como o iPhone (2007) e o Android (2008), essas ferramentas passaram a caber no bolso – literalmente.
Hoje, cerca de 5,2 bilhões de pessoas no mundo utilizam redes sociais. Democratizaram o acesso à informação, deram voz a grupos historicamente marginalizados e impulsionaram causas sociais. Ao mesmo tempo, remodelaram a economia com a ascensão do marketing digital e da economia dos criadores. Mas os efeitos colaterais se tornaram cada vez mais visíveis: da ansiedade ao isolamento, da radicalização à desinformação.
As redes sociais, embora aproximem geografias, têm afastado afetos. A troca presencial deu lugar à curtida, a conversa foi substituída pela notificação. O que parecia uma utopia digital deu lugar a um cotidiano de vigilância e superficialidade. A busca por validação, medida por curtidas e comentários, promove frustração, comparação constante e um ideal inalcançável de sucesso.
Pesquisas apontam relações diretas entre o uso intenso de redes e o aumento de casos de ansiedade, depressão e solidão, principalmente entre jovens. Isso se agrava pela lógica algorítmica que privilegia conteúdos polarizadores e sensacionalistas, alimentando um ciclo emocional viciante. A vida virou vitrine, e o indivíduo, produto.
Para além do Instagram ou TikTok, os jovens ocupam espaços menos visíveis, como o Discord – ambiente fechado e difícil de monitorar. Ali, criam vínculos e comunidades, mas também enfrentam riscos como bullying, radicalização e conteúdos violentos.
A maior ameaça não é a tecnologia em si, mas a forma como ela tem sido usada. A sociedade vive um ruído incessante, onde pensar se tornou resistência. Recuperar o silêncio, o tempo e o discernimento talvez seja o passo mais urgente. Desconectar para, finalmente, reconectar-se com o que importa de verdade.

GED

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