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Violência no Haiti deixa 150 mortos em uma semana e aumenta o desespero no país

Da Redação
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A violência das gangues no Haiti atingiu níveis alarmantes, com pelo menos 150 pessoas mortas e 92 feridas em apenas uma semana, na capital Porto Príncipe, entre os dias 11 e 18 de novembro, segundo o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk. Em um comunicado emitido nesta quinta-feira (21), Türk alertou que a situação está se deteriorando rapidamente, com cerca de 20 mil haitianos forçados a abandonar suas casas devido à violência.
Este novo surto de violência eleva o total de mortes no Haiti para 4.544 desde o início de 2023, enquanto o número de feridos chega a 2.060. A ONU também estima que cerca de 700 mil pessoas, metade delas crianças, estão atualmente deslocadas no país. O número real de vítimas, no entanto, é provavelmente ainda mais elevado, já que os dados oficiais não refletem completamente a extensão da tragédia.
“O último surto de violência em Porto Príncipe é um prenúncio do pior que está por vir”, advertiu Volker Türk. Ele destacou que a violência das gangues, que controlam atualmente 80% da capital, precisa ser combatida com urgência para evitar que o Haiti afunde ainda mais no caos. Segundo ele, a resposta das autoridades deve ser rápida e eficaz, para evitar que a violência desestabilize completamente as instituições do Estado.
O Haiti, que já enfrenta uma crise política crônica há décadas, viu um aumento significativo na violência das gangues nos últimos anos. Estes grupos armados têm se expandido seu domínio, com frequência envolvido em assassinatos, sequestros, abusos sexuais e roubos. Em janeiro, diversos grupos se uniram com o objetivo de derrubar o primeiro-ministro Ariel Henry, que governa o país desde 2021, quando o presidente Jovenel Moïse foi assassinado. A violência das gangues se intensificou especialmente após a destituição de Garry Conille, antecessor de Henry, e a nomeação de Alix Didier Fils-Aimé como novo primeiro-ministro, no dia 11 de novembro.
Apesar da presença de uma força internacional liderada pelo Quênia, os grupos armados continuam a atacar civis, e a polícia haitiana, com o apoio de grupos de defesa civil, tem enfrentado as gangues em várias operações. Na última terça-feira (19), 28 membros de uma gangue foram mortos em uma operação noturna realizada pelas autoridades locais.
O impacto da violência vai além das mortes e deslocamentos. Além da crescente insegurança, a economia do país está sendo severamente afetada, com uma deterioração da infraestrutura básica e da capacidade do Estado de fornecer serviços essenciais à população.
Türk fez um apelo urgente às autoridades haitianas e à comunidade internacional, destacando que “a violência dos bandos não deve se sobrepor às instituições do Estado”. Ele enfatizou que o Haiti precisa de medidas concretas para proteger sua população e restabelecer o Estado de direito efetivo, antes que a situação se torne ainda mais insustentável.

GED

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