Trump impõe tarifas e ameaça economias globais
Da Redação
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O presidente Donald Trump afirmou neste domingo (2) que as tarifas comerciais impostas ao México, ao Canadá e à China podem causar “alguma dor” para os norte-americanos. Enquanto Wall Street e os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos demonstram esperança de que a guerra comercial não se prolongue, Trump defendeu a medida como necessária para corrigir o déficit econômico do país.
No sábado (1º), o governo Trump anunciou tarifas de 25% sobre importações do México e do Canadá, enquanto a China foi alvo de uma tarifa de 10%. Em resposta, o Canadá e o México prometeram medidas retaliatórias, enquanto a China planeja contestar a decisão na Organização Mundial do Comércio (OMC) e adotar contramedidas ainda não especificadas.
Críticos alertam que as tarifas podem elevar os preços para os consumidores norte-americanos e frear o crescimento econômico global. Segundo um modelo econômico desenvolvido pelo economista-chefe da EY, Greg Daco, as tarifas devem reduzir o crescimento econômico dos EUA em 1,5 ponto percentual, levar o Canadá e o México à recessão e provocar estagflação nos EUA.
Trump, que iniciou seu segundo mandato em 20 de janeiro, reiterou sua decisão em suas redes sociais, declarando que os EUA têm um grande déficit com o Canadá, o México e a China, e que “não serão mais o país estúpido”. Ele ainda acrescentou: “Esta será a era de ouro dos Estados Unidos! Haverá alguma dor? Sim, talvez (e talvez não!)”.
Os mercados financeiros reagiram com cautela às tarifas anunciadas. Economistas do Goldman Sachs destacaram que, apesar da probabilidade de implementação, um acordo de última hora ainda é possível. As tarifas, formalizadas em três decretos presidenciais, devem entrar em vigor às 3h01 (horário de Brasília) desta terça-feira (4) e permanecer até que Trump considere resolvida a “emergência nacional” ligada ao fentanil e à imigração ilegal.
A China demonstrou abertura para negociações, destacando que o fentanil é um problema interno dos EUA. A embaixadora do Canadá nos Estados Unidos, Kirsten Hillman, expressou esperança de que um acordo seja alcançado antes da entrada em vigor das tarifas, mas reforçou que o governo canadense estará preparado para se defender.
As tarifas também acirraram a tensão entre Trump e o Canadá, com o presidente sugerindo que o país se torne o 51º estado dos EUA e que sua economia é dependente do “subsídio maciço” norte-americano. Uma pesquisa Reuters/Ipsos revelou que 54% dos americanos são contrários às novas tarifas, enquanto 43% as apoiam, com democratas mais críticos e republicanos mais favoráveis.
Trump concretiza, assim, promessas de campanha e desafia advertências de economistas sobre os riscos de uma guerra comercial. Advogados especializados apontam que a medida testa os limites da legislação americana e pode enfrentar desafios legais.
Os investidores monitoram os desdobramentos, temendo novas tarifas sobre petróleo, gás, aço, alumínio, chips semicondutores e produtos farmacêuticos. A União Europeia também pode ser alvo de novas tarifas, o que aumentaria as tensões comerciais globais. A Volkswagen e outras montadoras temem que as tarifas prejudiquem suas cadeias de suprimento, impactando a produção de veículos na América do Norte.