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Terremoto deixa mais de 2 mil mortos no Marrocos; tremor é o mais forte a atingir área em 120 anos

Ministério do Interior informou que há 2.059 feridos, incluindo 1.404 em estado crítico

Marrocos declarou três dias de luto após um poderoso terremoto deixar ao menos 2.012 mortos e 2.059 feridos, incluindo 1.404 em estado crítico, segundo anunciou neste sábado o Ministério do Interior, atualizando um balanço anterior 1.037 mortos e 1.203 feridos. O forte abalo sísmico de sexta-feira, que ocorreu às 23h11 (horário local) a 18,5 km de profundidade e com epicentro na Cordilheira do Atlas, a 71 km a sudoeste de Marrakech, atingiu as medinas densamente povoadas da cidade turística e principalmente seu interior rural montanhoso e de difícil acesso, onde construções de barro tremeram, racharam e desabaram.

“Decidimos um luto nacional de três dias, com bandeiras a meio mastro em todos os edifícios públicos”, anunciou a Casa Real em um comunicado publicado pela agência marroquina MAP, depois de uma reunião presidida pelo rei Mohamed VI. De acordo com a rede CNN, as equipes de resgate estão com dificuldades para alcançar as áreas afetadas, que têm estradas bloqueadas por destroços.

A força precisa do abalo sísmico ainda não está clara. O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) estimou que o terremoto foi de magnitude 6,8, enquanto o Centro Nacional de Pesquisa Científica e Técnica do Marrocos (CNRST) apontou uma magnitude de 7,2.

Medições de magnitude são feitas automaticamente, sendo necessário revisão posterior por sismólogos. De qualquer forma, segundo o USGS, o terremoto foi o mais forte a atingir a região central do Marrocos, dentro de 500 km ao redor de Marrakech, em mais de 120 anos. O terremoto mais mortífero na história recente do país teve magnitude de 5,8 e deixou cerca de 12 mil mortos em 1960.

O tremor provocou o desabamento de vários edifícios, principalmente nas províncias e municípios de Al-Haouz, Tarundant, Chichaoua, Ouarzazate e Marrakech, que é tem 840 mil habitantes e recebe mais de 2 milhões de turistas todos os anos. As mulharas históricas da cidade, primeiramente construídas no início do século 12, ficaram danificadas.

O terremoto foi sentido até na capital Rabat, a centenas de quilômetros de distância, em cidades costeiras como Casablanca ou Essaouira e mesmo em várias províncias do oeste da vizinha Argélia, onde as autoridades descartaram danos ou vítimas.

Mapa do terremoto de 6,8 no Marrocos — Foto: Arte O GLOBO
Mapa do terremoto de 6,8 no Marrocos — Foto: Arte O GLOBO

Segundo Hossam Elsharkawi, diretor regional para o Oriente Médio e Norte de África da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFCR), o Marrocos poderá precisar de “meses e até anos” de ajuda para reconstruir as zonas afetadas pelo tremor. A Argélia anunciou a abertura de seu espaço aéreo a aviões com ajuda humanitária para as vítimas do Marrocos, ao qual tinha barrado a circulação de aviões civis e militares em setembro de 2021 após romper as relações diplomáticas por um crise bilateral.

Na cidade de Moulay Brahim, em Al-Haouz, as equipes de resgate trabalhavam neste sábado em busca de sobreviventes nos escombros. Perto dali, vizinhos cavavam valas em uma colina para enterrar as vítimas, segundo uma equipe da AFP presente no local.

As autoridades mobilizaram “todos os recursos necessários para intervir e ajudar nas zonas afetadas”, disse o Ministério do Interior. Já o Exército marroquino mobilizou “importantes recursos humanos e logísticos, aéreos e terrestres”, como equipes de busca e resgate e um hospital de campanha em Al-Haouz, informou a agência estatal de notícias MAP. Por causa do “enorme fluxo” de feridos nos hospital de Marrakech, o centro de transfusão de sangue local lançou um apelo por doações.

Em Marrakech, marroquinos visivelmente atordoados inspecionavam os danos nas suas casas entre pilhas de escombros, poeira e carros esmagados por pedras.

— Sentimos um tremor muito violento, percebi que era um terremoto — disse Abdelhak el Amrani, um morador de Marrakech, de 33 anos, à AFP em entrevista por telefone. — Vi os prédios se movendo. Não temos reflexos para esse tipo de situação. Então saí e havia muitas pessoas do lado de fora. Estavam chocadas e em pânico. As crianças choravam, os pais estavam indefesos — disse Amrani.

‘Entramos em pânico’

Vídeos gravados em Marrakech mostram moradores aterrorizados deixando edifícios em meio aos tremores, destroços caindo de edifícios em vielas estreitas e veículos cobertos de pedras. Um deles mostra o desabamento de minarete de uma mesquita na praça Jemaa el-Fna, coração de Marrakech, deixando dois feridos.

Um morador atravessa os escombros no sudoeste de Marrakech, em Marrakech — Foto: Foto Fadel Senna/ AFP
Um morador atravessa os escombros no sudoeste de Marrakech, em Marrakech — Foto: Foto Fadel Senna/ AFP

Um correspondente da AFP viu centenas de pessoas passando a noite nessa praça emblemática por medo de tremores secundários. Alguns dormiam sobre cobertores, enquanto outros diretamente no chão.

‘Gritos e choros’

Fayssal Badour, 58 anos, voltava para casa quando percebeu o tremor.

— Parei e percebi a catástrofe. Foi muito grave — disse ele. — Os gritos e choros eram insuportáveis.

Imagens do terremoto no Marrocos

Equipes de resgate procuram sobreviventes em uma casa que desabou em Moulay Brahim, província de Al Haouz — Foto: FADEL SENNA / AFP
Uma mulher chora ao ver os estragos da sua casa danificada pelo terremoto que atingiu o sudoeste de Marrakech, no Marrocos — Foto: Foto de Fadel Senna / AFP
Homem caminha sobre escombros após um terremoto de magnitude 6,8 em Marrakesh — Foto: FADEL SENNA / AFP

O tremor teve magnitude 6,8 e provocou desabamento de vários edifícios na noite de sexta-feira

Informações de AFP – O GLOBO.

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