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Telinhas, conexões e infância: por que crianças pequenas estão viciadas no celular

Da Redação
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Mesmo sem e-mails do chefe, mensagens de grupo ou redes sociais para seguir, as crianças estão cada vez mais grudadas nas telinhas. Celulares, tablets e TVs já fazem parte do cotidiano da maioria dos pequenos brasileiros — inclusive dos que ainda mal sabem andar ou falar.
Uma pesquisa do DataFolha revelou um dado preocupante: 6 em cada 10 crianças de até 6 anos no Brasil estão ultrapassando o tempo máximo de tela recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). O órgão orienta zero exposição para bebês e no máximo uma hora por dia para crianças de 2 a 5 anos. Na prática, porém, a média de tempo de tela varia entre duas e três horas diárias.
Ainda segundo o levantamento, 78% das crianças com até 3 anos têm contato com telas todos os dias — muitas vezes sem supervisão.
O alerta é sério: essa é a fase em que o cérebro infantil mais se desenvolve. Segundo especialistas, até 1 milhão de conexões neurais são formadas a cada segundo durante a primeira infância. Para efeito de comparação, um adulto forma apenas algumas milhares no mesmo intervalo.
Excesso de tela nessa fase pode atrapalhar o sono, diminuir a interação familiar, estimular o sedentarismo e afetar negativamente a aprendizagem, a linguagem e a sociabilidade. Além disso, quanto mais tempo na frente do celular, menos tempo para brincar, explorar e se relacionar — atividades essenciais para o desenvolvimento saudável.
O cenário se agrava com a desigualdade social: o Brasil tem 18,1 milhões de crianças na primeira infância, das quais mais da metade vive em famílias de baixa renda e 60% nunca frequentaram creches ou pré-escolas.
Sem apoio, sem políticas públicas eficazes e com pais sobrecarregados, o celular muitas vezes vira o “babá digital” — uma solução imediata, mas que pode cobrar caro no futuro.

GED

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