Saiba detalhes dos ônibus articulados elétricos que vão substituir a frota do Eixo Anhanguera
Modelo tem autonomia para percorrer 250 quilômetros a cada recarga de cinco horas, com bateria de fosfato, considerada mais limpa e segura; primeiras unidades devem começar a circular em meados de 2022.
Foi apresentado nesta segunda-feira (17/01), no estacionamento do Estádio Serra Dourada, em Goiânia, um exemplo do modelo de ônibus articulado 100% elétrico escolhido para a substituição da frota que circula no Eixo Anhanguera. A expectativa é que a modernização da linha seja iniciada ainda neste primeiro semestre, com o início do recebimento de novos exemplares a partir do meio do ano.
Ao todo, serão mais de 100 novos ônibus para substituir a atual frota, composta por 86 unidades. O veículo, que passa a integrar um estudo de viabilidade técnica e econômica, é produzido pela montadora chinesa Build Your Dreams (BYD), com fábrica em Campinas (SP). O objetivo é promover a eletrificação da frota de transporte coletivo, com resultados diretos na redução da emissão de gases poluentes na atmosfera, além de assegurar mais conforto aos usuários do sistema, e requalificar o corredor por onde trafega.
De acordo com a fabricante, cada veículo elétrico deixa de emitir 110 toneladas de CO2 por ano. A última substituição total da frota que atende ao Eixo Anhanguera foi realizada há 10 anos.
A iniciativa é implementada pelo Governo do Estado, por meio da Metrobus, em parceria intermediada pela Secretaria-Geral da Governadoria (SGG), com o consórcio formado pelas empresas Enel X, Marcopolo e Consórcio HP-ITA (Urbi Mobilidade Urbana).
“Uma solução para um problema que perdura há décadas. Estamos indo muito além de substituir os ônibus”, diz o secretário-chefe geral da Governadoria, Adriano da Rocha Lima.
Segundo explica, o projeto de lei enviado para a Assembleia Legislativa pelo Governo de Goiás, sancionado no final do ano, permite a criação de duas tarifas. Uma será a do usuário, que hoje é no valor de R$ 4,30, e a outra, de remuneração, aquela exigida pelo contrato de concessão, para que mantenha o equilíbrio econômico e financeiro do contrato.
“Antes dessa lei, não existia essa diferenciação de tarifa; então, aquilo que deveria ser necessário para equilibrar o contrato, tinha que ser repassado integralmente ao usuário do sistema, sobrecarregando a população que já está enfrentando dificuldades, obviamente, em função da pandemia”, pondera Rocha Lima.
A partir da nova lei, o governo passa a assumir parte da fatia que seria do usuário, o subsídio, para que o valor da tarifa não suba além dos atuais R$ 4,30. Além dessa mudança, a lei permite também a flexibilização dos preços, em que em distâncias, por exemplo, mais curtas, poderão ser cobrados valores menores.
Modelo não poluente
O veículo elétrico apresentado é do modelo D9W carroceria Marcopolo. A promessa é de autonomia para percorrer 250 quilômetros, com até cinco horas para recarga da bateria feita de fosfato de ferro, considerada a mais limpa e segura, já que é reciclável e à prova de fogo. O dispositivo de carregamento do ônibus, com tecnologia Enel-X, já foi instalado na garagem da Metrobus. O modelo possui ar-condicionado ionizado, carregadores de celular e Wi-Fi, e foi desenvolvido com suspensão pneumática em todos os eixos, o que proporciona mais conforto para os usuários.
O ônibus é um articulado de 22 metros de comprimento com capacidade para transportar 170 passageiros, sendo 59 sentados, com espaço reservado para cadeirantes. O consumo energético, segundo a empresa fabricante, é equivalente a 1,2 KWh/Km, com menor custo operacional e de manutenção que um veículo convencional. Os motores elétricos ficam embutidos nas rodas do eixo traseiro, são silenciosos e não emitem poluentes.
O modelo apresentado, em Goiânia, tem vários recursos, como seis câmeras de alta definição, duas delas com infravermelho, em substituição aos retrovisores externos e internos. As câmeras permitem que o motorista veja pontos cegos e tenha facilidade de manobra, aumentando a segurança e garantindo mais conforto na viagem.
A coluna de direção é regulável, o que permite maior conforto de acordo com as características de cada motorista, mais adequado aos parâmetros de ergonomia. Já as portas seguem rigorosos padrões de segurança e são equipadas com sensores, o que evita que se fechem quando é identificado qualquer movimento próximo, o que deve diminuir riscos de acidentes no embarque e desembarque.
Viabilidade técnica
Durante os próximos dias, serão analisados os indicadores operacionais de manutenção desse tipo de veículo e como funciona o sistema eletrônico dentro das características do trajeto na linha do Eixo Anhanguera e das suas extensões. No período de avaliação, também serão verificados autonomia, tempo de carregamento, custo da operação e realizados treinamentos. Em um primeiro momento, o ônibus articulado não será utilizado por passageiros. O estudo de viabilidade técnica ocorre em parceria entre Enel X, Marcopolo e Consórcio HP-ITA (Urbi Mobilidade Urbana), com os consultores Tauil Chequer e Radar PPP.
O foco é comparar o ônibus elétrico com o veículo tradicional, movido a óleo diesel, para uma percepção mais clara sobre os benefícios econômicos e de sustentabilidade ambiental. Com a aprovação, a previsão é de que toda a frota da Metrobus seja substituída pelos veículos elétricos, com a chegada das primeiras unidades previstas para o meio deste ano.
O andamento para a substituição é viabilizado por meio de um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), que é uma prática internacionalmente recomendada para se promover mais transparência e competitividade no processo de seleção, modelagem, licitação e contratação de projetos de infraestrutura.
No Brasil, o PMI está previsto na lei 8.987/1995, com regulamentação pelo Decreto 5.977/2006, que orienta sobre o procedimento destinado à apresentação de projetos, estudos, levantamentos ou investigações a serem utilizados em modelagens de parcerias público-privadas.
Segundo o secretário Adriano Rocha Lima, o estudo de viabilidade e parceria foi iniciado em meados do ano passado, quando foram reunidos representantes de todos os municípios que compõem a Região Metropolitana de Goiânia e das empresas. “Identificamos que o sistema precisaria de uma reforma mais estrutural, mais ampla. Fizemos um estudo detalhado de quais seriam as soluções possíveis para enfrentar essa reforma do transporte”, informa.