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Ronaldo Caiado e a recuperação de Goiás: de estado falido a exemplo de gestão

Da Redação
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Quando assumiu o Governo de Goiás em janeiro de 2019, Ronaldo Caiado encontrou uma situação financeira e administrativa que ele mesmo definiu como a pior das últimas três décadas — um verdadeiro “vandalismo administrativo”. O extrato bancário oficial da Caixa Econômica Federal mostrou que o Estado tinha apenas R$ 13,3 milhões em conta, sendo que dois milhões já estavam comprometidos para o pagamento de dívidas herdadas. Além disso, Goiás enfrentava uma crise severa: mais de R$ 20 bilhões em dívidas, hospitais públicos sem insumos, atrasos salariais, e dificuldades para manter serviços essenciais funcionando.
A situação era tão grave que especialistas chegaram a sugerir a decretação de estado de calamidade financeira, medida adotada em outros estados com problemas semelhantes. Relatórios do Ministério Público e do Tribunal de Contas apontavam irregularidades e déficits orçamentários preocupantes. O Hospital de Urgências de Goiânia chegou a ser interditado por falta de itens básicos, enquanto a indústria e o comércio local enfrentavam retração. A agricultura também apresentava queda na produção, e a informalidade crescia, aumentando a precariedade social. No plano fiscal, o Estado comprometia 74% da receita com folha de pagamento, e os precatórios chegavam a quase R$ 1 bilhão, com perspectiva de quitação em 95 anos.
Diante desse cenário de “Titanic Goiás”, Caiado iniciou seu governo implementando medidas emergenciais, como programa de compliance para combater fraudes, redução de cargos comissionados e retomada de secretarias importantes, além de uma reforma administrativa para controlar gastos. Uma equipe de transição fez um diagnóstico detalhado para adaptar o plano de governo à realidade fiscal e operacional do Estado. Seu objetivo era evitar a paralisação da máquina pública e restabelecer a governabilidade.
Com esse esforço, Goiás passou de um estado caloteiro e desorganizado a um exemplo de gestão pública, ampliando sua capacidade de investimento e serviços. Caiado destaca que a melhora nos níveis de emprego formal e o controle dos gastos foram cruciais para essa recuperação, mesmo em meio à pandemia que impactou o país logo no início de sua gestão.

Cenário nacional reflete desafios goianos

Assim como Goiás enfrentou em 2018, o Brasil vive hoje um grave desequilíbrio fiscal e estrutural. A dívida pública ultrapassa 76% do PIB e pode chegar a 86% até 2026, pressionada por altos juros e despesas obrigatórias que consomem 93% do orçamento, restando pouco espaço para investimentos.
O déficit fiscal nominal está em 7,8% do PIB, e o rombo na Previdência chega a R$ 50 bilhões, agravado pelo envelhecimento da população e informalidade no trabalho.A projeção de crescimento do PIB para 2025 é modesta, entre 2,3% e 2,5%, abaixo da média de outras economias emergentes.Ronaldo Caiado tem sinalizado que, caso eleito presidente, poderá aplicar a experiência adquirida em Goiás para enfrentar as várias camadas de problemas estruturais do país — desde o controle dos gastos públicos até a retomada de investimentos e reformas necessárias.
Em entrevista ao programa “Roda Viva”, Caiado destacou a importância de um presidencialismo funcional, livre da influência excessiva do Legislativo via emendas orçamentárias, para garantir governabilidade e efetividade na gestão pública.

Desafios e expectativas para 2026

O “Titanic Brasil” precisa de uma reforma profunda para superar gargalos em infraestrutura, saneamento, moradia e desigualdade regional, além de combater a vulnerabilidade social crescente.
A próxima gestão federal terá de enfrentar a difícil tarefa de promover uma consolidação fiscal ampla, retomar o controle das despesas, aprovar reformas estruturais e buscar fontes de investimento para inclusão social e desenvolvimento sustentável.
Enquanto estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo mantêm suas posições tradicionais, Goiás se destaca como um case de sucesso que pode servir de modelo para o Brasil. A experiência de Caiado no comando de um Estado em crise e sua recuperação pode ser o diferencial na disputa presidencial de 2026.

GED

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