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Raio-X psicológico da felicidade: estudo mostra quais jeitos de pensar aumentam (ou reduzem) a satisfação com a vida

Pesquisa publicada no Journal of Personality and Social Psychology (2024) indica que traços estáveis de personalidade — sobretudo estabilidade emocional, extroversão e consciência — explicam grande parte das diferenças entre pessoas mais e menos satisfeitas com a vida.
Um estudo publicado em abril de 2024 na revista Journal of Personality and Social Psychology analisou milhares de pessoas de três amostras e concluiu que a maioria da variação na satisfação com a vida está fortemente associada a traços de personalidade medidos por autorrelato e por informantes. Com dados que incluíram 20.886 participantes na amostra da Estônia (além de amostras menores em russo e inglês), acompanhamento por cerca de 10 anos e métodos para isolar vieses de medição, os autores mostram que perfis estáveis — como alta estabilidade emocional (baixa neuroticismo), extroversão e consciência — aumentam significativamente as chances de alguém se declarar satisfeito com a vida
Pesquisadores liderados por René Mõttus combinaram autorrelatos e avaliações por informantes (pessoas que conhecem os participantes) em três amostras (principalmente estoniana: N = 20.886; e amostras russas e inglesas menores) para estimar as «correlações verdadeiras» entre traços de personalidade (Big Five e nuances mais finas) e satisfação com a vida (global e por domínios).
Os autores usaram modelos estatísticos que reduzem o efeito de métodos únicos (por exemplo, apenas autorrelato) e controle de erros aleatórios, para obter estimativas mais fiáveis do quanto personalidade e satisfação realmente se sobrepõem.
Os resultados reforçam uma visão «top-down»: características pessoais estáveis (como reagir menos com ansiedade, ter mais energia social, ser organizado e empenhado) fazem com que, em média, as pessoas experimentem níveis mais altos de satisfação. Isso não quer dizer que circunstâncias (saúde, relações, emprego, renda) não importem — elas importam — mas sugerem que a propensão a se sentir satisfeito é fortemente condicionada por traços relativamente estáveis. Pesquisadores e comunicadores apontam que, para muitas pessoas, mudar apenas eventos da vida pode não ser suficiente se não se considerar a personalidade subjacente. Os pesquisadores lembram que o estudo é correlacional, ou seja, não prova destino imutável. Segundo os autores, os resultados reforçam a visão de que “quem você é” importa tanto quanto “o que acontece com você”.
Ou seja, circunstâncias externas — como emprego, renda, saúde ou relacionamentos — influenciam a felicidade, mas a base de personalidade fornece o “ponto de partida” que molda como cada pessoa interpreta essas situações.
Intervenções psicológicas e sociais, no entanto, continuam relevantes: terapia, técnicas de regulação emocional, programas de integração social e incentivos a hábitos organizacionais podem ajudar a aumentar a satisfação mesmo em perfis menos favoráveis.
A personalidade explica muito da tendência geral, mas mudanças contextuais e pessoais podem alterar trajetórias individuais.

GED

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