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Psicodélicos e tecnologia celular abrem nova era para entender a mente humana

Da Redação
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Psicodélicos, como a psilocibina encontrada em cogumelos e a DMT presente na ayahuasca, são compostos que provocam profundas alterações na percepção e na consciência. Usados há séculos em rituais tradicionais, essas substâncias começaram a ser estudadas cientificamente a partir dos anos 1940, com a descoberta do LSD pelo químico Albert Hofmann. Entre 1950 e 1965, mais de mil artigos científicos testaram psicodélicos em tratamentos, como para o alcoolismo, mas o avanço foi interrompido por restrições legais.
Nos anos 2000, o interesse pela pesquisa psicodélica ressurgiu, principalmente pelo potencial terapêutico para depressão resistente, estresse pós-traumático e dependência química. Ainda assim, os mecanismos celulares dessas substâncias no cérebro humano permanecem pouco conhecidos.Para superar esse desafio, pesquisadores utilizam organoides cerebrais — modelos tridimensionais criados a partir de células-tronco humanas capazes de formar mini cérebros em laboratório. Esses organoides permitem estudar em nível celular como os psicodélicos afetam a plasticidade neural, a atividade elétrica dos neurônios e a expressão gênica, além de possibilitar testes personalizados com células de pacientes.
Uma recente revisão sistemática analisou mais de 180 estudos e apontou que os organoides cerebrais são ferramentas eficazes para investigar os efeitos dos psicodélicos sobre inflamação cerebral, redes sinápticas e interação entre diferentes tipos celulares, como neurônios e células microgliais, responsáveis pela resposta imunológica do cérebro.
Apesar das limitações, como a maturação incompleta dos organoides, avanços na cultura celular e na edição genética têm permitido superar essas barreiras, aproximando esses modelos da realidade humana.
Essa combinação entre psicodélicos e organoides representa uma das fronteiras mais inovadoras da neurociência atual, abrindo caminhos para terapias mais seguras, eficazes e adaptadas à biologia de cada pessoa.
Mais do que um avanço científico, essa união também traz uma aproximação entre saberes tradicionais e a ciência experimental, fundamental para ampliar a compreensão da mente e da consciência — temas urgentes diante dos desafios crescentes da saúde mental no mundo.

GED

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