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Promotor pede arquivamento de processo e diz que vereadora Camila Rosa se excedeu e se vitimizou em ação contra o presidente André Fortaleza

Segundo o documento, a vereadora Camila Rosa (PSD), usou o discurso para ofender o presidente da Câmara Municipal de Aparecida, André Fortaleza (MDB), durante sessão em fevereiro

O promotor eleitoral Milton Marcolino dos Santos Junior arquivou o inquérito policial que apurava violência política na Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia e atacou o posicionamento da vereadora que fez a denúncia, sugerindo que ela “se vitimizou”.
A bancada feminina na Câmara dos Deputados vai representar contra o promotor.    Presidente da Câmara Municipal, André Fortaleza (MDB) desligou o microfone da única vereadora da cidade, Camila Rosa (PSD), depois que ela defendeu mais espaço para mulheres e minorias na política, criticando a posição de Fortaleza, que é contra cotas.    Isso aconteceu no dia 2 de fevereiro.

Na ocasião, Camila chegou a chorar durante a sessão ordinária.
A Procuradoria Geral Eleitoral denunciou o caso ao Ministério Público Eleitoral com base na Lei de Violência Política Contra As Mulheres.    No entanto, em parecer desta quinta-feira (28/4), o promotor eleitoral Milton Marcolino não só promoveu o arquivamento do inquérito por atipicidade, como aproveitou para fazer críticas à vereadora.

  • Falta de decoro

    Para o promotor, Camila “se excedeu na discussão ao enveredar para acusações pessoais e vazias contra o presidente da Casa”. Ele defendeu o parlamentar por desligar o microfone, pois teria faltado decoro e urbanidade na fala da vereadora.

Milton ainda reclamou em seu parecer que a vereadora usou o direito de fala para destacar outras pautas completamente alheias ao debate, na visão dele, “colocando homens contra mulheres, brancos contra pretos, ricos contra pobres, heteros contra homossexuais”.

Para o promotor, as falas sobre minorias são uma “polarização sem sentido”, em que o “orador não tem argumento, a não ser vitimização e divisão da sociedade em grupos antagônicos”.

  • Entenda a briga

    A confusão começou após André Fortaleza (MDB) usar a sessão ordinária para reclamar de uma publicação feita por Camila nas redes sociais, na qual ela defendeu o espaço das mulheres e das minorias na política. Um seguidor da vereadora comentou elogiando a postura dela e afirmou que a Câmara de Aparecida é composta “por um bando de machistas”.

Fortaleza disse que a publicação era uma fake news, que ele não era contra as mulheres e que só não defende as cotas para maior participação feminina na política.
Quando teve seu momento de fala, a vereadora Camila afirmou que a publicação nas redes sociais não falava de cota.
“Agora, se o senhor entendeu isso, a carapuça pode ter servido. O senhor sempre fala de caráter, fala de transparência, mas parece que o senhor tem algum problema com isso”, afirmou a vereadora na ocasião.
Depois disso, começou uma discussão entre os dois e o presidente mandou desligar o microfone de Camila.
A vereadora ficou assustada com a situação e começou a chorar.
Durante a discussão, André Fortaleza chegou a dizer que ela fosse até uma delegacia, se ela achasse necessário. “Vai na delegacia e registra um B.O. Fique à vontade, se a senhora achar que eu estou cometendo um delito”, afirmou ele.

O Diário Goiás em Destaque procurou a assessoria do vereador André Fortaleza nesta semana, por mensagem, para se manifestar sobre o caso e aguarda reposta.
O parlamentar disse, na época da sessão, que em nenhum momento procurou atingir pessoalmente a vereadora e sempre defendeu as mulheres. E que sempre foi a favor da luta delas e que demonstrou com atitudes e não apenas com discurso. Antes do seu mandato, a Câmara não tinha nenhuma mulher em cargos de chefia e hoje possui quatro.

Pela primeira vez na história da Câmara, por escolha minha na presidência, a Mesa Diretora tem em sua composição duas mulheres (vereadoras Valéria Pettersen e Camila Rosa).

André Fortaleza disse ter criado um instituto que é todo composto por mulheres. Eu apenas afirmei que sou contra cotas, que os direitos e deveres tem que ser iguais, e não que seja contra alguma classe específica, porém tive minha fala distorcida, baseada num sensacionalismo, pois para mim, a mulher deve ser tratada com respeito e igualdade, e não por privilégio de gênero.
Sobre o caso, Camila Rosa disse: “Recebi a notícia com muita estranheza e tristeza. Difícil acreditar que em 2022, pessoas ainda tentem normalizar a violência contra a mulher.
Nesse caso é uma mulher parlamentar. Fiquei indignada com as palavras machistas do promotor”, comentou a vereadora.

Com algumas informações do Metrópoles.

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