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PF apreende R$ 1,7 milhão em operação que investiga desvios na saúde por ‘prefeito tiktoker’ em Sorocaba

A operação da Polícia Federal deflagrada nesta quinta-feira (10) em Sorocaba, interior de São Paulo, contra uma organização criminosa suspeita de desviar recursos públicos destinados à saúde, já soma R$ 1,7 milhão em valores apreendidos em espécie.

Investigadores cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), na sede da prefeitura e na secretaria de Saúde, além do diretório municipal do partido Republicanos e da residência do antigo secretário de Administração.

A residência da cunhada do prefeito e do seu marido e uma igreja comandada pelo casal também foram alvos da PF, que teria identificado transações suspeitas.

No veículo de um dos investigados, policiais encontraram caixas com grandes quantidades de notas, totalizando R$ 863,8 mil. Mais cerca de R$ 896 mil foram encontrados em cofres ou com outros investigados, totalizando mais de R$ 1,7 milhão.

No total, a PF cumpriu 33 mandados de busca e apreensão nas cidades de Sorocaba, Araçoiaba da Serra, Votorantim, Itu, São Bernardo do Campo, São Paulo, Santo André, São Caetano do Sul, Santos, Socorro, Santa Cruz do Rio Pardo e Osasco, todas no estado de São Paulo, e em Vitória da Conquista, na Bahia.

Mais de cem policiais federais participaram da ação. A investigação começou em 2022, após suspeitas de fraudes na contratação da OS Iase (Organização Social Instituto de Atenção à Saúde e Educação) para administrar, operacionalizar e executar ações e serviços de saúde no município.

Também foram identificados, segundo a PF, atos de lavagem de dinheiro, por meio de depósitos em espécie, pagamento de boletos e negociações imobiliárias.

Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, peculato, contratação direta ilegal e frustração de licitação, de acordo com a PF.

Após a operação, Manga divulgou um vídeo irônico, onde aparece descalço na rua onde mora, usando bermuda e camiseta preta, ironizando as buscas feitas pela PF.

“Foi eu lançar minha pré-candidatura a presidente da República, pontuar em terceiro lugar nas pesquisas internas, em segundo lugar para o governo do estado, mandaram a Polícia Federal aqui em casa por causa da denúncia, da denúncia, da denúncia, e acharam algumas coisas aqui em casa: bolo de cenoura, nutella e o pokémon que o meu filho tanto ama”, disse.

Ele afirmou que vai intensificar a campanha e diz que não tem medo do presidente Lula (PT).

“Sabe o que eu vou fazer? Eu vou mudar minha pré-candidatura agora. Eu vou intensificar mais ainda. Eu não tenho medo de você, presidente Lula, e de nenhuma outra autoridade que está incomodada com a nossa ascensão. Nós vamos mudar esse país. Nós vamos mudar a qualidade de vida da população”, disse para a câmera.

A Prefeitura de Sorocaba afirmou, em nota, que a operação também aconteceu em outras cidades e que colabora para que todos os fatos sejam brevemente esclarecidos.

A nota ainda destaca que a operação acontece no “momento de grande projeção da cidade e do nome do prefeito Rodrigo Manga no cenário nacional, inclusive pontuando com destaque em pesquisas para governador do Estado de São Paulo e presidente do Brasil”.

“Não é a primeira vez na história que vemos ‘forças ocultas’ se levantarem contra representantes que se projetam como uma alternativa ao sistema e dão voz ao povo. Recentemente, por exemplo, Rodrigo Manga entrou em embates contra o aumento de impostos de alimentos básicos, combustíveis e remédios, bem como a criação de novos pedágios”, conclui o comunicado.

Manga, ou Rodrigo Maganhato, conseguiu a reeleição em primeiro turno com 73,75% dos votos válidos no ano passado. Em 2020, Manga havia sido eleito em votação apertada, ao derrotar Jaqueline Coutinho (PSL).

Dono de uma estratégia de marketing agressiva, Manga posta vídeos curtos diariamente no Instagram e no TikTok. As peças rapidamente renderam a ele o apelido de “prefeito tiktoker”, mesma alcunha dos também prefeitos João Campos (PSB), do Recife, e Topázio Neto (PSD), de Florianópolis.

GED

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