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“Pegou minha mão e colocou na parte íntima dele”: veja denúncias que levaram ginecologista à prisão

Pacientes de Anápolis (GO) denunciaram o profissional à Polícia Civil em diferentes épocas entre 2020 e 2021, antes do caso ter repercussão

Denúncias contra o médico ginecologista e obstetra Nicodemos Júnior Estanislau, de 41 anos, eram recorrentes antes do caso ter repercussão pública. Três pacientes denunciaram o profissional em Anápolis, a 55 quilômetros de Goiânia, entre junho de 2020 e setembro de 2021.

Essas denúncias embasaram o pedido de prisão preventiva do médico no último dia 29/9. Ele foi solto cinco dias depois com tornozeleira eletrônica. Os relatos são de pacientes desesperadas, que relataram toques impróprios nos órgãos sexuais, conversas de cunho sexual e quadrinhos pornográficos.

A denúncia mais recente antes da prisão foi de uma paciente de 45 anos, no último dia 15 de setembro. O assédio teria ocorrido durante um exame de ultrassom vaginal. Durante o procedimento, o médico teria perguntado sobre parceiros sexuais, orgasmo e indicado sites pornográficos.

Em certo momento, o profissional teria colocado o dedo na vagina da paciente e pediu para ela continuar contraindo. “Você precisa fazer desse jeito”, teria dito o ginecologista, enquanto massageava o órgão sexual da vítima.

“Some daqui!”

A paciente contou na delegacia que na mesma hora percebeu que tinha algo errado, pulou da mesa de exames e gritou: “Some daqui, que eu quero trocar minha roupa!”.

Puxão de cabelo

Já em novembro do ano passado, uma paciente de 21 anos, que tinha acabado de ter um bebê, procurou a delegacia no mesmo dia que teria sido assediada.

A vítima reclamou ao médico de uma dor no pé da barriga. O ginecologista teria falado que o marido da paciente não a estaria estimulando sexualmente da forma correta e que ia mostrar o jeito certo.

Segundo relato da paciente, o obstetra penetrou dois dedos na vagina e pediu para contrair e mexer o quadril, com a suposta intenção de mostrar o “ponto G”.

“Eu paralisei e não sabia o que estava acontecendo”, relatou a vítima, que disse ter ficado nervosa, mas que confiou no médico inicialmente, achando que ele queria ajudá-la.

Na sequência, o médico teria pedido para a paciente tirar a camisola e teria tocado em várias partes de seu corpo. O profissional teria perguntado se ela fazia sexo anal e com a resposta negativa, teria dito “por que não, que era muito bom.”

“Levantou meu cabelo e segurou e puxou. Passou a mão no meu corpo e pegou no meu seio e falou que tinha que ir devagar e passou a mão na minha barriga e depois na minha vagina, e pressionou acima do meu clitores. Ali e na minha bunda”, disse a vítima em seu relato.

A paciente contou ainda que, na mesma consulta, o médico pegou a mão dela e levou até o pênis dele “para ela sentir que ele estava excitado”.

“Mão pesada”

Na mesma oportunidade, o ginecologista teria mostrado imagens no celular de brinquedos sexuais, quadrinhos eróticos e teria chegado a indicar sadomasoquismo.

“Eu gosto, mas não muito agressivo, bater de uma forma mediana. Se eu te batesse com minha mão pesada, ia te machucar”, teria dito o médico, segundo a vítima.

Além disso, de acordo com a paciente, o ginecologista chegou a sugerir que o marido a traía e que a dor no pé da barriga poderia ser uma doença sexualmente transmissível. Ela também procurou a delegacia no mesmo dia.

Pompoarismo e orgasmo

Das três denúncias de Anápolis, a primeira foi de uma jovem de 29 anos que procurou a polícia em junho de 2020. Ela relatou que foi assediada no momento da coleta de um material. O médico ficou perguntando sobre pompoarismo e se ela tinha orgasmo.

Depois da prisão, cerca de 50 mulheres denunciaram o profissional na Delegacia da Mulher de Anápolis. No entanto, algumas pediram para retirar a denúncia posteriormente, depois que o profissional foi solto, segundo a delegada Isabella Joy.

As vítimas estariam sentindo medo e intimidação, principalmente depois que o médico foi preso por determinação da Justiça. Na quarta-feira (6/10) ele foi interditado pelo Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) e impedido temporariamente de exercer a medicina. Anteriormente, ele já tinha sido interditado também pelo conselho do Distrito Federal.

Antecedentes

O ginecologista tem uma condenação em primeira instância de dezembro de 2020 por importunação sexual. Segundo a vítima, o profissional colocou o dedo em suas partes íntimas, encostando nela por trás, durante um exame, em 2018, em uma clínica do Samambaia (DF).

Uma pessoa do Paraná chegou a denunciá-lo anteriormente, mas o caso foi arquivado. O Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) interditou temporariamente o profissional, que está proibido de exercer a medicina em todo o país.

A defesa do ginecologista tem dito que as denúncias feitas contra o profissional têm relação com o “simples exercício profissional”. “O médico em nenhum momento realizou qualquer tipo de procedimento médico com cunho sexual”, diz nota assinada pelo advogado Carlos Eduardo Gonçalves Martins.

A delegada Isabella Joy disse, após manifestação do médico em entrevistas na qual se defende, que ele desenvolve um comportamento machista típico de agressor ao tentar culpar as vítimas.

GED

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