Artigo

Os olhos e a Pandemia

Humberto Borges - oftalmologista

Todo ano, enfrentamos o mesmo problema: a baixa umidade do ar na maior parte do Brasil.  Em Goiás, a previsão é de que, nas próximas semanas, os índices variem de 20% a 30%, intervalo que caracteriza estado de alerta. A baixa umidade faz com que o ar seco aumente a concentração dos poluentes, principalmente nas grandes cidades, causando mal a todo nosso organismo. Os nossos olhos, no entanto, sofrem mais. Isso porque, a falta de umidade faz a lágrima evaporar mais rápido. Além dos problemas mais comuns, como a conjuntivite e a síndrome do olho seco, também temos que alertar sobre a possibilidade de se contrair a Covid-19.
Nesse período, é mais fácil ocorrer problemas de infecção, irritações, ardência, vermelhidão e visão distorcia.      Para  piorar,  em  tempos  de  pandemia, é  preciso  ter  ainda  mais  cuidado  para  não  tocar  os olhos  –  fator  que  pode  facilitar  a  contaminação  pelo Coronavírus.
A menor lubrificação aumenta a síndrome do olho seco. Os sintomas são: sensação de corpo estranho, vermelhidão, coceira e visão embaçada. A reação natural é esfregar as pálpebras. Isso só piora a situação, porque pode lesar a córnea, membrana transparente que fica na frente do olho como o vidro de um relógio.
Levar as mãos aos olhos também facilita o aparecimento da conjuntivite bacteriana ou viral, principalmente quando a pessoa já está com gripe ou resfriado. Os microorganismos vão passando de uma área para outra.  Além disso, há evidências de que 7 em cada 10 pessoas que sofrem com doenças alérgicas nas vias respiratórias, manifestam o problema nos olhos. O fato acontece porque a imunidade alterada dos alérgicos e o ambiente seco, mais a falta de lágrima, tornam os olhos um campo fértil para o desenvolvimento de alergia.
Crianças que estão com o sistema imune em desenvolvimento e mulheres que têm hábito de usar maquiagem ou que já entraram na menopausa, período em que a produção lacrimal diminui, são os grupos de maior risco.
Outro fator preocupante é o uso de lentes de contato, que também podem ter menor vida útil por causa do tempo seco. A concentração de poluentes e o ressecamento da lágrima aumentam o depósito de partículas que ficam impregnadas nas bordas da lente de contato. Mesmo que sejam higienizadas corretamente, continuam desconfortáveis no olho porque sofrem pequenas deformações. Quando isso acontece precisam ser trocadas, antes do vencimento.  Prevenção sempre é o melhor remédio. Vão aqui algumas dicas valiosas, como beber bastante água, usar lágrima artificial sem conservante para lubrificar o olho, lavar as mãos várias vezes, em caso de coceira nos olhos fazer compressas frias de água filtrada e evitar praticar exercícios ao ar livre, próximo a vias de muito movimento.  Os olhos agradecem !!!

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