Ópera Rock “Lua & Ana” de Fred Le Blue propõe turismo digital pelas paragens lunares do Vale da Lua em Goiás
Poucas pessoas sabem, mas a Chapada dos Veadeiros também é um patrimônio natural da humanidade (UNESCO)
Em prol de contribuir para um turismo sustentável e cultural no Estado, o compositor e urbanista Fred Le Blue, idealizador do grupo de pesquisa Artetetura & Arteteturismo na UFMG e UEG, tem divulgado sua ópera rock ecomusical.
“LUA&ANA” é uma grande fábula poética-musical, em que as paisagens naturais e astronômicas se transformam, por projeção e transferência, em entes mitológicos psicologizados. O amor romântico entre Ana (Vale da Lua) e Lua (Super Lua), é a personificação moderna do mito de Narcísio e Eco.
O espaço do aqui (extensão) espelhado pelo agora do tempo (duração), revela através da metalinguagem, o próprio processo psicanalítico musicoterapêutico da composição, que é sempre o simulacro narcísico do autor, ou seu duplo alteregoíco.
Entrecortado por um mosaico de elementos musicais variados, inspirados no cancioneiro popular brasileiro, ibérico e anglo-americano, a musicalidade eclética do trabalho é um convite para desvendar e exaltar os mistérios lunares e femininos em todas as fases e faces sagradas e profanas.
Valorizando o cor-local de sua tribo goiana, o compositor e letrista da obra, Fred Le Blue, aponta para recriação do já considerado espaço mítico do Vale da Lua e do Cerrado, mostrando a importância da arte e do turismo (virtual) como potencial “artetetônico” para educação e consciência socioambiental.
A complexidade e simplicidade da obra se assemelha às obras do compositor Elomar, que autenticou através da música toda uma geopoética e musical do sertão a partir de um identidade local própria desse território cultural, tendo, inclusive, militado pela criação do “Estado do Sertão”. Ao fazer do eclético encadeamento melódico, harmônico e rítmico entre uma música e outra partes sincréticas e sinergéticas de uma cosmologia maior do que a soma das partes, o trabalho resgata o sentido da oralidade de álbum, como se fosse uma contação de estória ou slam, indo na contramão dos atuais lançamentos de singles e EPs midiáticos para vender shows. LUA&ANA é um resgaste da temporalidade mágica e totêmica, ou pelo menos, pré-digital, apesar de ser um álbum compacto, por quase não ter refrões e estrofes repetidas.
Com eu-lírico feminino a obra resgata o formato de “canções de amigo” da cultura trovadoresca ibérica, que eram declamadas por homens sobre o platonismo do amor feminino à espera de seu vassalo cavalheiresco. Mas em “LUA&ANA” podemos chamá-las de “canções de amiga”, já que quem espera é Ana, cujo objeto de desejo é a Lua, seja lá quem ela for, apontando para um caráter emancipatório (trans) feminino, demandante por mais visibilização e direitos no espaço político e público (natural, construído ou virtual), marcado pela violência e exclusão física e simbólica por causa da sistêmica cultura falocêntrica e heteronormativa.
Após uma carreira como baterista de bandas de rock como Acid Jam, 062 e Nascoxa, Fred Le Blue foi premiado no Festival SESI MPB 2003-04 com sua canção “Quem Sabe?”, interpretada pela banda RG.
No Rio de Janeiro, a partir de 2007, integrou como compositor o movimento Samba na Fonte, tendo se apresentado como baterista também no underground carioca em espaços como Rio Art Hostel, Jazz do Alemão, Museu da República e Mercado São José. Em 2010 lança no Cine Facha seu primeiro disco autoral com a banda ficcional The Fourmigas, a óperarock visual “VERNISOUND”.
Já em São Paulo, lança em 2017 o EP “COMVERSOM: Vôo pelo Som” com releituras musicais tropicalistas com letras suas em português de clássicos do rock internacional (Rolling Stones, Dream Theather, Cranberries, Collective Soul, Keane e Panic at the Disco). Em 2020, lança um documentário autodiscográfico sobre a canção de trabalho do primeiro disco “Piloto Fred Le Blue & 569, o Oniblue da Paz'”. Em 2021, em meio à pandemia cria a banda-selo Artetetos do Pequí para lançar seu trabalhos de músicas “arteteturais” sobre as paisagens culturais do Cerrado.
Fred Le Blue tem desenvolvido desde 2019 um trabalho como idealizador e produtor cultural do Movimento Artetetura e Humanismo e Editora Multimídia Brasílha Teimosa, a partir de onde tem atuado também como autor de livros acadêmicos, paradidáticos e ficcionais, documentários, musicais e WEB séries de educação política patrimonial e socioambiental. Desde 2023, tem dirigido documentários cinebiográficos de grandes ícones da música no Brasil (André Matos, Geraldo Vandré, Irmãos Cavalera, Dorival Caymmi e Vander Lee), em que faz aportes sobre Musicoterapia e Música Brasileira.
Crédito: Artetetura / Fred Le Blue