Obra na Marginal comemora aniversário de um ano em atraso
As primeiras movimentações no local tiveram início em setembro de 2019, sob promessa de entrega para 2020
A obra do complexo viário da Marginal Botafogo está fazendo aniversário. Trata-se de seu primeiro ano em atraso. Lançada ainda na gestão do emedebista e ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende, a intervenção em uma das principais vias que cortam a cidade foi anunciada sob promessa de escoamento rápido do trânsito, especialmente em horários de pico.
As primeiras movimentações no local tiveram início ainda em setembro de 2019, sob promessa de entrega da estrutura para dezembro de 2020. Um ano se passou e o que se encontra hoje na região se resume ao caos, especialmente em horários de pico.
Agora, a conversa é outra. Isso porque, em outubro, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) disse ao Jornal O Hoje que as obras estavam 88% executadas e que a entrega estaria prevista para dezembro. Após o descumprimento deste e dos demais prazos fixados para o ano de 2021, a prefeitura de Goiânia sinaliza, agora, para janeiro de 2022.
“A parte de concreto dos viadutos está concluída, a canalização do córrego Botafogo concluída, e, agora, estamos fazendo as pistas de acesso. A previsão [para conclusão] é para final de janeiro”, alegou a pasta por meio de nota.
Apesar do estágio avançado em que o projeto como um todo se encontra, o resultado prático dessas obras ainda se limita ao imaginário dos interessados: os goianienses.
Ao contrário do que se esperava, o que se vê hoje, especialmente por volta das 18h em dias de semana, é um trânsito lento tomado por motoristas que buscam levar vantagem entre as estreitas ruas dos bairros adjacentes ao projeto.
Durante passagem pela Câmara Municipal de Goiânia para prestação de contas do primeiro quadrimestre de 2021, há pouco mais de dois meses, o prefeito da capital, Rogério Cruz (Republicanos) foi questionado sobre a entrega da estrutura, mas a resposta foi um tanto quanto desanimadora: “Não há como se falar em prazo”.
À época, o prefeito explicou que o entrave não estaria ligado à prefeitura, mas que se tratava, na verdade, de problemas judiciais. “Todas as obras deixadas pela gestão passada estão tendo continuidade. Isso foi uma promessa de campanha. Quanto à Marginal Botafogo, a expectativa é muito grande em entregar o mais rápido possível, mas temos algumas situações, nas alças de entrada ou saída, onde precisamos desabrigar alguns imóveis e é aí que vem a complicação”, disse o gestor.
Em seguida, Cruz completou: “Tivemos um caso onde havia ali um imóvel. Nós solicitamos a retirada a partir de um mandado [judicial] que tínhamos, mas a pessoa entrou novamente [na Justiça] contra a prefeitura e tivemos que esperar uma nova ação. Tudo isso faz com que a condução desse projeto leve mais tempo”.
À época, a Seinfra também chamou atenção para os trabalhos concentrados nas alças de acesso e deslocamento dos postes de energia. Sobre os entraves, no entanto, a Secretaria associou ao remanejamento da parte elétrica por parte da Enel. E concluiu, depois, que não havia previsão para liberação ainda que parcial do trânsito.
“Os serviços estão caminhando com regularidade, mas em junho tivemos um contratempo com a chuva, que não estava prevista para aquela época e levou o escoramento da obra. Mas tudo foi rapidamente contornado e seguimos trabalhando diariamente para entregar a obra completa com a rotatória no nível da Alameda Leopoldo de Bulhões e a trincheira da Marginal Botafogo até a Avenida 2ª Radial”, disse o titular da Seinfra, Fausto Sarmento, ao O Hoje na mesma época.
Desta vez, a sinalização da pasta é de que, apesar da pista da marginal estar concluída, o acesso da Jamel Cecílio e da Leopoldo de Bulhões ainda não. As razões do atraso se justificam, dois meses depois, pelo mesmo motivo: o período chuvoso. O prefeito foi procurado para comentar o descumprimento dos prazos, mas por meio de sua assessoria, preferiu direcionar os questionamentos à Seinfra.
Em paralelo
Conforme já mostrado pela reportagem do jornal O Hoje, para além do complexo, a prefeitura ainda toca obras de prolongamento da marginal entre as Avenidas Segundas Radial, na Vila Redenção, e Jamel Cecílio, no Jardim Goiás.
A última sinalização no que diz respeito aos prazos foi divulgada em 25 de agosto pela prefeitura de Goiânia que, na ocasião, estimou a liberação do trânsito na região para o final de setembro. O que também não aconteceu.
O prolongamento da via é parte da contrapartida da administração municipal no contrato celebrado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para execução do Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns.
As obras do trecho Sul/Norte da Marginal Botafogo envolvem, além do prolongamento em si, ações de recomposição do leito do córrego Botafogo e obras de drenagem nas vias laterais à pista, no Jardim Goiás. O novo trecho da Marginal conta com 1,7 quilômetro de extensão e vai da Avenida Jamel Cecílio, no Jardim Goiás, até a Avenida Segunda Radial, no Setor Pedro Ludovico.
Além da extensão da Marginal, a obra consiste também na construção de um elevado na Avenida Jamel Cecílio — único inaugurado até o momento —, um viaduto no nível e uma trincheira. O padrão é o mesmo do construído no cruzamento das avenidas T-63 e 85, entre os setores Bueno e Bela Vista da capital.
O elevado na Jamel Cecílio foi pensado com o intuito de promover fluxo direto para as pessoas que querem atingir a BR-153, a GO-020 ou os bairros e condomínios da região. Já a Marginal Botafogo tem como a premissa de funcionar como uma via expressa, sem nenhuma interferência semafórica.
Apesar da boa intenção, o atraso para a conclusão do projeto obriga os goianienses a encerrarem mais um ano regado a transtorno, cascalho e poeira.
Créditos:
Repórter Felipe Cardoso
Jornal Opção