Ministério da Justiça se surpreende com ataque de senador da base à PEC da Segurança Pública

Da Redação
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A equipe do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, foi pega de surpresa nesta semana com a postura agressiva do senador Omar Aziz (PSD-AM), da base governista, durante audiência pública sobre a PEC da Segurança Pública, proposta apresentada pelo governo na última terça-feira (9) à Câmara dos Deputados. O desconforto foi tanto maior por vir de um aliado do Palácio do Planalto — especialmente porque, segundo interlocutores do ministério, a relação com senadores da oposição tem sido mais cordial.
Na audiência da Comissão de Segurança Pública do Senado, presidida por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Lewandowski compareceu com sua equipe, acompanhado dos chefes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.
O objetivo era esclarecer os pontos centrais da PEC, que visa, entre outras medidas, ampliar as competências da PF, incluindo investigações de crimes ambientais.
Omar Aziz, no entanto, reagiu de forma dura a essa proposta:
“PF, negócio de meio ambiente, não sei o quê… nós temos que prender bandido, narcotraficante mesmo, você está me entendendo?”, disse o senador, questionando a priorização de crimes ambientais diante do contingente limitado da PF.
Ele também reclamou da ausência da Polícia Científica no texto e chegou a impedir o ministro de responder, afirmando que ainda estava em sua manifestação.
A reação causou surpresa na equipe de Lewandowski, já que, mesmo entre oposicionistas como Sergio Moro (União Brasil-PR) e Jorge Seif (PL-SC), o tom da audiência foi mais respeitoso. Seif, inclusive, fez questão de agradecer a presença do ministro e elogiou a condução do debate:
“O senhor e o Manoel [Carlos de Almeida Neto, secretário-executivo do MJSP] me atenderam maravilhosamente lá no Ministério da Justiça para discutirmos a PEC da segurança pública. Concordamos em alguns pontos e divergimos em outros — como é natural”, declarou o senador bolsonarista.
Nos bastidores, a fala de Aziz foi interpretada como mais política do que técnica, possivelmente visando marcar posição em meio às disputas internas sobre protagonismo no debate da segurança pública. O governo agora avalia como conduzir a tramitação da PEC sem perder apoio dentro da própria base.