Método Wolbachia: mosquitos com bactéria que impede a proliferação de vírus da dengue chega a Valparaíso e Luziânia

A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás anunciou, neste dia 15, a implantação do método Wolbachia nos municípios de Valparaíso de Goiás e Luziânia, situados no Entorno do Distrito Federal. A estratégia, inédita na região, consiste na soltura de mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia, capaz de bloquear a transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya. Segundo a SES, o método será adotado a partir do segundo semestre como resposta ao cenário epidemiológico do estado, que já notificou 123.218 casos suspeitos de dengue em 2025, com 72.331 confirmações e 53 mortes oficialmente reconhecidas.
Desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e operacionalizado pela empresa Wolbito do Brasil, o método recebeu autorização excepcional da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2022. A técnica é considerada natural, já que a bactéria Wolbachia está presente em cerca de 60% dos insetos no planeta, e não envolve modificação genética dos mosquitos. ‘Quando os mosquitos com Wolbachia se reproduzem com os locais, transmitem a bactéria aos filhotes. Aos poucos, a maioria dos mosquitos passa a impedir a proliferação dos vírus’, explica Gabriel Sylvestre, gerente da Wolbito do Brasil.
A implantação será feita em etapas, incluindo o planejamento, criação dos mosquitos, campanhas de conscientização, soltura dos Wolbitos, monitoramento e análise epidemiológica após a liberação. A liberação dos mosquitos será gradual e controlada, com ações educativas em escolas e comunidades. O projeto prevê que a presença da bactéria aumente de forma estável, reduzindo significativamente a circulação dos vírus a médio e longo prazo. Segundo estudos da Fiocruz, cidades como Niterói (RJ) já registraram redução de até 70% nos casos de degue, além de quedas relevantes nos índices de chikungunya e zika após a adoção do método567.
Flúvia Amorim, subsecretária de Vigilância em Saúde da SES, destaca que os resultados mais expressivos devem ser percebidos em até dois anos. ‘Não esperamos efeitos de curtíssimo prazo, mas sim impactos consistentes já nas próximas safras de transmissão, dependendo também da capacidade de produção dos mosquitos’, afirma a gestora. A escolha de Valparaíso e Luziânia obedeceu critérios epidemiológicos e logísticos, como proximidade do entreposto de distribuição e alta incidência das doenças123.
A SES e a prefeitura reforçam que o método Wolbachia é complementar às ações tradicionais, como a eliminação de criadouros. O uso dos chamados Wolbitos promete ser uma estratégia sustentável e sem riscos ao meio ambiente ou à saúde humana, segundo especialistas e órgãos internacionais