Política

“Lula não tem estatura moral para governar”, dispara governador de Goiás

Governador de Goiás acusa o presidente de “dar calote à população”, ataca o líder do PP por “interesses pessoais” e exibe falta de repasses federais em obra de saneamento em Goiânia.

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) voltou a elevar o tom contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o senador Ciro Nogueira (PP-PI) em declarações dadas nesta sexta-feira (17). Em entrevista à revista Veja e durante a inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Dr. Hélio Seixo de Britto, em Goiânia, Caiado reafirmou sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026, criticou o governo federal por falta de repasses e acusou o petista de conduzir o país “com irresponsabilidade fiscal”.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, intensificou nesta sexta-feira (17) o discurso político que o posiciona entre os principais nomes da centro-direita brasileira. Em dois momentos distintos — uma entrevista à revista Veja e um evento público em Goiânia —, o líder goiano criticou duramente o presidente Lulaironizou o senador Ciro Nogueira e defendeu uma nova frente política para 2026.

Durante a inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Dr. Hélio Seixo de Britto, Caiado expôs dados sobre o financiamento da obra e acusou o governo federal de não cumprir o prometido. Segundo o governador, o convênio firmado em 2013 previa R$ 78 milhões da União e R$ 7,8 milhões de contrapartida estadual, mas apenas R$ 45 milhões foram efetivamente repassados por Brasília.

“Queria que o Lula estivesse aqui, porque não sou homem de mandar recado. Queria falar isso diretamente para ele”, declarou Caiado, dirigindo-se ao ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho (MDB), presente no evento.

O restante do valor — cerca de R$ 87 milhões — foi custeado pelo governo estadual e pela Saneago, segundo Caiado. O governador elogiou o ministro, mas criticou a gestão petista pelo que chamou de “descaso com as obras estruturantes em Goiás”.

Ataques a Lula e defesa de uma direita independente

Na entrevista à Veja, Caiado afirmou que Lula “não tem estatura moral para governar o país” e que o governo federal está “dando um calote na população”. Segundo ele, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é “um café requentado” e não entrega os resultados prometidos.

“Lula está dando um calote oferecendo o que não pode garantir. Nunca vi governar dividindo o país, criando confronto entre classes. Isso mostra a falta de credibilidade dele”, afirmou.

O governador também criticou o atual cenário econômico, apontando que “os juros estão altos e a cesta básica cada vez mais cara”, e ironizou promessas de campanha do presidente: “Não tem cerveja com picanha”.

Sobre sua relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Caiado manteve um tom diplomático. Disse reconhecer a “capacidade de mobilização” do ex-presidente, mas destacou que sua candidatura será independente, baseada em propostas e não em alianças pessoais.

“Todo apoio que venha dele é bem-vindo, mas a política não pode ser fulanizada. O que importa é discutir o que vamos trazer para a pauta”, afirmou.

Críticas a Ciro Nogueira e impasse na federação partidária

O governador também mirou o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas (PP), que negocia uma federação com o União Brasil. Caiado acusou o dirigente de agir por “interesses pessoais” e de tentar se manter na política sem base eleitoral.

“Nunca vi um presidente de partido falar mal de seus pré-candidatos. Ciro tenta ignorar nossa pré-candidatura. Ele quer ser vice do Tarcísio ou do Ratinho Jr., porque não tem base para se reeleger no Piauí. É o fim de carreira de quem busca uma garupa”, provocou.

O governador deixou claro que o União Brasil pode desistir da federação caso não haja garantias de autonomia: “Nosso presidente é Antonio Rueda. Não temos por que nos submeter às regras do Ciro, que não tem expressão política.”

Eleições de 2026 e planos presidenciais

Caiado reafirmou sua intenção de disputar o Palácio do Planalto em 2026, defendendo uma pulverização de candidaturas na centro-direita como estratégia para levar a eleição ao segundo turno.

“Qual é a única chance de o Lula ganhar a eleição, segundo as pesquisas? É a oposição ter um candidato só no primeiro turno. Com quatro ou cinco nomes da nossa área, dá segundo turno em todas as simulações. E o Lula não ganha uma eleição no segundo turno”, declarou.

O governador encerrou ressaltando que o país precisa retomar a confiança fiscal e reduzir a dívida pública, criticando o aumento do endividamento: “O governo recebeu uma dívida-PIB de 72% e pode fechar o ano acima de 90%. O país está asfixiado.”

GED

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