Lula evita responder sobre CPI dos atos golpistas e GSI, durante visita a Portugal
No início do mandato, Lula disse que era contrário à instalação da CPI para apurar os atos golpistas de 8 de janeiro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou responder às perguntas sobre a demissão do general Gonçalves Dias do cargo de ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e sobre a possibilidade de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista dos atos golpistas de 8 de janeiro. Lula foi questionado a respeito destes temas durante entrevista em Lisboa, após uma reunião com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
“Essas perguntas sobre o Brasil seria tão bom que fossem feitas para mim quando eu voltasse ao Brasil, porque fazer uma viagem a Portugal, fazer acordos com Portugal, discutir assuntos de interesse do mundo, e não só dos nossos países, e, depois, eu ficar respondendo perguntas sobre problemas internos do Brasil, não é muito justo para quem vai nos ouvir”, declarou Lula.
Quanto à crise no GSI, o atual presidente afirmou que tomará providências acerca do assunto somente quando retornar ao Brasil. Já em relação à CPI mista dos atos golpistas, proposta pela oposição, Lula disse que a decisão sobre isso cabe ao Congresso Nacional. “CPI é por conta do Congresso Nacional, ele decide a hora que ele quiser decidir, [que] faça a hora que quiser fazer”, afirmou.
Mudança de posição
Integrantes do governo, inclusive o próprio Presidente da República, se posicionaram contra a instalação da CPI mista sobre os atos golpistas. Porém, a posição dos aliados de Lula mudou com a queda do ministro do GSI. Dias depois de sua demissão, imagens do ex-ministro circulando entre golpistas no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro começaram a ser divulgadas.
Segundo o general Gonçalves Dias, ele estava no local para retirar os invasores e preservar o gabinete do presidente Lula no terceiro andar do prédio. Para esclarecer o caso, a Polícia Federal ouviu neste domingo (23) o depoimento de militares do GSI, que foram identificados em gravações do ocorrido em 8 de janeiro. A PF intimou os servidores, após o ministro interino da GSI, Ricardo Capelli, identificá-los nas imagens.