Irã e Israel entram em confronto direto após destruição de instalações nucleares

Mísseis e drones são disparados sobre Tel Aviv e Jerusalém após ataque israelense a bases nucleares iranianas; tensão cresce no Oriente Médio
O Oriente Médio vive uma de suas mais graves escaladas de tensão dos últimos anos. Na noite da última sexta-feira (13), sirenes soaram em Tel Aviv e Jerusalém enquanto explosões eram ouvidas no céu, sinalizando o início de uma nova fase no já delicado conflito entre Israel e Irã. O governo israelense confirmou ter sido alvo de uma onda de mísseis balísticos e drones lançados pelo Irã, em resposta direta à destruição de importantes instalações nucleares iranianas dias antes.
De acordo com a agência estatal iraniana IRNA, centenas de mísseis foram disparados em retaliação à chamada “Operação Leão em Ascensão”, ofensiva conduzida por Israel contra instalações nucleares subterrâneas em Natanz e Isfahan, bem como contra centros de comando militar iranianos. As Forças Armadas de Israel afirmaram que os alvos incluíam locais de lançamento de mísseis e drones iranianos, além de estruturas de pesquisa nuclear.
Segundo o Exército de Israel, a maioria dos mísseis e drones foi interceptada com apoio dos sistemas de defesa aérea dos Estados Unidos. Ainda assim, ao menos cinco pessoas ficaram feridas em Tel Aviv, atingidas por estilhaços de mísseis que escaparam do sistema defensivo. A mídia estatal iraniana afirma que cerca de 80 civis morreram durante os bombardeios israelenses, e mais de 300 ficaram feridos, muitos deles cientistas nucleares e familiares atingidos enquanto dormiam.
Mortes de generais e resposta de Khamenei
O Irã confirmou a morte de pelo menos 20 comandantes militares, incluindo o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, major-general Mohammad Bagheri, e o comandante da Guarda Revolucionária, Hossein Salami. Também foram mortos seis cientistas nucleares, ligados ao desenvolvimento do programa de enriquecimento de urânio do país.
Em pronunciamento transmitido pela TV estatal, o novo comandante da Guarda, major-general Mohammad Pakpour, prometeu retaliação total: “As portas do inferno se abrirão para o regime que mata crianças”, declarou. Já o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, acusou Israel de ter iniciado uma guerra de larga escala e convocou aliados a se mobilizarem.
Trump tenta conter escalada, mas mantém apoio a Israel
Em entrevista à agência Reuters, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que não estava claro se o programa nuclear iraniano sobreviveu aos ataques. “Tentei salvar o Irã da humilhação e da morte. Eles ainda podem chegar a um acordo. Não é tarde demais”, declarou. Trump afirmou que as negociações nucleares entre Washington e Teerã, previstas para o próximo domingo, ainda estão na agenda — mas reconheceu que “não há garantias”.
No Truth Social, Trump postou: “O Irã precisa fazer um acordo, antes que não reste mais nada.” Apesar da tentativa de desescalar, o apoio logístico dos EUA à interceptação de mísseis iranianos reforçou a aliança com Israel.
Reações e riscos de um conflito regional
O ataque iraniano foi batizado de “Punição Severa” e marca uma das primeiras vezes que Teerã assume diretamente uma ofensiva militar contra Israel, sem recorrer a aliados como Hezbollah, Hamas ou Houthis. Mesmo assim, grupos alinhados ao regime iraniano demonstraram apoio. Um míssil lançado do Iêmen por militantes houthis atingiu a região de Hebron, na Cisjordânia ocupada, ferindo três crianças palestinas.
Apesar do temor de uma guerra regional, a OPEP informou que a escalada ainda não justifica alterações no fornecimento de petróleo, embora o preço do barril tenha subido. Israel alertou que sua campanha militar continuará “por quantos dias forem necessários” e que novas ondas de ataques podem ocorrer.
O Conselho de Segurança da ONU foi convocado de emergência para debater a crise, após pedido formal do Irã. Autoridades internacionais pedem contenção e alertam para os impactos devastadores de uma guerra total entre as duas potências.
Clima de medo no Irã e incerteza no mundo
Moradores de Teerã, Qom e outras cidades iranianas relataram pânico durante as explosões. “As pessoas da minha rua saíram correndo de suas casas em pânico”, disse Marziyeh, moradora de Natanz. Houve também uma corrida por dólares e tentativas de deixar o país.
Enquanto parte da população espera que o conflito traga mudanças no regime, outros prometem resistir. “Lutarei e morrerei por nosso direito a um programa nuclear”, disse Ali, integrante da milícia Basij, em entrevista à mídia estatal.
Com os dois lados prometendo continuar suas ações, o mundo acompanha com tensão o desenrolar de uma crise que pode redefinir a geopolítica da região — e ter efeitos globais.