Inflação em 2023: Desafios e perspectivas para o Brasil
O ano de 2023 chegou ao fim com a inflação atingindo 4,62%, superando ligeiramente a média de 4,55% esperada pelo mercado. No entanto, o país cumpriu, pela primeira vez desde 2020, o limite de tolerância estabelecido em 4,75%. Para 2024, a meta do Conselho Monetário Nacional (CMN) será reduzida de 3,25% para 3%, apresentando desafios adicionais em um cenário onde o histórico de controle de preços não é favorável.
Apesar das incertezas, as projeções para o próximo ano indicam uma possível desaceleração da inflação, com estimativas em torno de 3,9%. O economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV, destaca que essa previsão alinha-se com a nova meta estabelecida, mas ressalta a importância da política monetária como ferramenta para mitigar tendências inflacionárias.
Mesmo com a recente redução das taxas de juros pelo Banco Central, as projeções indicam que a Selic deverá encerrar o ano em 9%, considerado um patamar elevado que atuará como freio para o consumo e investimentos. O efeito defasado dos juros também contribuirá para conter possíveis efeitos inflacionários.
A desaceleração da economia global surge como um fator positivo, especialmente com grandes economias buscando controlar a inflação, limitando potencialmente o aumento nos preços das commodities. Contudo, riscos significativos podem impactar negativamente a contenção da inflação, como o fenômeno climático El Niño, que pode prejudicar as safras agrícolas de 2023 e 2024.
O economista destaca a importância de monitorar os riscos fiscais, associados à necessidade do governo cumprir sua meta fiscal.
Aumentos de gastos podem fragilizar a economia, levando à desvalorização do real frente ao dólar e gerando pressões inflacionárias. Conflitos internacionais, como os entre Rússia e Ucrânia, e Israel e Hamas, representam ameaças constantes que podem influenciar negativamente a estabilidade regional e global.
Embora as projeções apontem para uma possível desaceleração inflacionária, a incerteza paira sobre as decisões futuras, requerendo um gerenciamento cauteloso por parte das autoridades econômicas. A condução fiscal desempenhará um papel crucial para guiar o Brasil em direção a um cenário de inflação controlada e crescimento sustentável, em meio às complexidades apresentadas pelos riscos iminentes.