Guerra: Grupos evangélicos brasileiros tentam deixar Israel
Mais de 100 fiéis de pelo menos duas caravanas religiosas foram surpreendidos em Israel com os ataques do grupo extremista islâmico armado Hamas
Uma parte dos brasileiros que devem ser resgatados pela Força Aérea Brasileira (FAB) em Israel, depois de o Hamas ter atacado o país e iniciado uma guerra no último sábado (7/10), são evangélicos que realizavam turismo religioso. As informações foram divulgadas pelo Metrópoles.
Mais de 100 fiéis de pelo menos duas caravanas religiosas foram surpreendidos em Israel com os ataques do grupo extremista islâmico armado Hamas, que atingiu o país com bombas e atiradores por terra, deixando centenas de mortos, na maior parte civis. Na sequência, Israel bombardeou a Faixa de Gaza e declarou guerra.
Líder de uma caravana com 37 pessoas, o presidente da Embaixada Internacional Vida, Bueno Junior, disse que já esteve em Israel 15 vezes e nunca havia se deparado com uma situação como a que viveu no sábado.
Presos no país
O ataque do Hamas aconteceu no mesmo dia que a caravana deveria deixar o país. Segundo o líder do grupo, 19 brasileiros conseguiram sair de Israel de avião via Dubai e Etiópia.
No entanto, outros 17 não tiveram êxito. Eles chegaram a ir para o Aeroporto Internacional Ben Gurion, mas precisaram voltar para um hotel em Jerusalém.
A expectativa de Bueno é que o grupo possa ser resgatado por um dos seis aviões da FAB preparados para ir até o país. Médicos e psicólogos estarão nos aviões para assistir os brasileiros.
Outro grupo religioso brasileiro que está preso em um hotel de Jerusalém é a Caravana Novos Começos, liderada pelo pastor Felipe Valadão, da Igreja da Lagoinha em Niterói. Segundo ele, são 103 pessoas.
O pastor Saulo Mattos, de Alagoas, que faz parte do mesmo grupo, contou para a TV Gazeta que estavam no restaurante do hotel no momento do bombardeio. Os garçons corriam e pediam para que os clientes ficassem longe da janela, segundo o religioso.
Muitas lideranças religiosas se posicionaram a favor de Israel no conflito. Isso porque existe uma interpretação em boa parte do meio evangélico de que a retomada do território de Israel, depois do Holocausto, foi um sinal do fim dos tempos.
Essa parte dos evangélicos tem uma interpretação do livro de Apocalipse, na Bíblia, de que Jesus Cristo vai voltar pela segunda vez por Israel, considerado Terra Santa não só para cristãos.
Governo abre inscrições para brasileiros que queiram sair de Israel
Brasileiros que querem deixar área de conflito podem preencher formulário em site. Seis aeronaves com 696 vagas são preparadas para resgate
O governo brasileiro divulgou um site com um formulário para brasileiros que querem deixar Israel, em guerra contra o grupo islâmico armado Hamas, após um ataque surpresa no sábado (7/10).
- O documento pode ser acessado aqui.
O formulário para brasileiros em Israel pede informações básicas como número do passaporte, se é turista ou residente, quantidade de membros da família e local em que se encontra no país.
Médicos e psicólogos
Mais cedo, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, divulgaram a operação de repatriação. Médicos e psicólogos serão enviados nos aviões para auxiliar os brasileiros.
- Os plantões consulares da Embaixada em Tel Aviv (+972 (54) 803 5858) e do Escritório de Representação em Ramala (+972 (59) 205 5510), com WhatsApp, permanecem em funcionamento para atender brasileiros em situação de emergência. O plantão consular geral do Itamaraty também pode ser contatado por meio do telefone +55 (61) 98260-0610.
Governo Federal usará seis aviões para repatriar brasileiros em Israel
O Ministério das Relações Exteriores informou neste domingo (8/10), que a repatriação em Israel e na Palestina com aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) priorizará brasileiros que residem no Brasil, ou seja, cidadãos que estão visitando o Oriente Médio. A Embaixada do Brasil em Tel-Aviv publicou em seu site um formulário para inscrição de interessados na operação de resgate.
Frente ao recrudescimento da situação securitária em Israel e na Palestina, o Governo brasileiro planeja a repatriação de nacionais que se encontram na região. Os voos da Força Aérea Brasileira destinam-se, prioritariamente, a repatriar brasileiros residentes no Brasil”, diz nota divulgada pelo Itamaraty.
O governo recomenda que quem já possui passagem aérea ou tiver condição de comprar o bilhete embarque em voos comerciais disponíveis no aeroporto de Ben-Gurion, em Israel, que continua funcionando. “Em relação aos brasileiros na Palestina, o Governo busca viabilizar as condições necessárias que permitam a implementação de plano de evacuação dos nacionais que queiram deixar a Faixa de Gaza ou a Cisjordânia”, afirma o Itamaraty.
O número de brasileiros desaparecidos em Israel após o início do conflito entre o país e o grupo Hamas subiu de dois para três, informaram fontes do governo ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Um outro está ferido e foi hospitalizado. No sábado (7/10), o Ministério das Relações Exteriores informou que cerca de 14 mil brasileiros moram em Israel e 6 mil na Palestina. A maioria está fora das áreas afetadas pelos ataques.
De acordo com fontes do governo, ao menos 500 brasileiros já entraram em contato com a embaixada do País em Tel-Aviv desde o sábado. Esses contatos podem ser para pedir repatriação, ou seja, retornar ao Brasil, ou para solicitar informações, por exemplo. Ainda não se sabe se todos esses brasileiros estão em Israel ou se houve também contatos de cidadãos que estão em outros países do Oriente Médio.
Seis aviões
O governo usará seis aviões para buscar os brasileiros que estão na região do conflito entre Israel e o Hamas e querem voltar ao País. As primeiras operações de repatriação devem ocorrer entre segunda-feira (9/10), e terça-feira (10/10). A lista dos primeiros resgatados deve ser fechada até a segunda-feira pela manhã, de acordo com o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno.
A decisão foi anunciada após uma reunião no Palácio do Itamaraty, em Brasília, da qual participaram, além do comandante da FAB, o ministro da Defesa, José Múcio, a ministra substituta das Relações Exteriores, embaixadora Maria Laura da Rocha, e o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim. “Nós somos quiçá um dos primeiros países a fazer esse tipo de operação lá na região”, declarou Damasceno, a jornalistas.
De acordo com ele, o resgate será feito por duas aeronaves KC-30, com capacidade entre 220 e 230 passageiros, duas KC-390, que carregam em torno de 80 pessoas, e duas VC-2, cedidas pela Presidência da República, com capacidade de levar até 40 passageiros. Uma das aeronaves KC-30 já está em Natal (RN) pronta para decolar ainda neste domingo para Roma. De lá, o avião partirá para Tel-Aviv, em Israel, e para outras localidades do Oriente Médio. “A ideia é que a aeronave fique na Itália, aguardando as nossas coordenações finais”, disse o comandante da FAB.
“Não sabemos ainda se essa primeira decolagem será amanhã ou na terça-feira, dependendo da montagem dessa lista de passageiros que desejam voltar ao Brasil nessa missão de repatriação”, emendou.
De acordo com ele, médicos e psicólogos serão enviados para auxiliar no resgate dos brasileiros que estão na região de conflito. “Estamos com militares da nossa ajudância de ordens junto à Embaixada de Israel e nas demais embaixadas da região também, para que possamos fazer as primeiras levas, trazer os primeiros brasileiros para cá”, afirmou. “Em função das demandas nós vamos equacionando esses voos pelo tamanho da aeronave.”
As decolagens de Tel-Aviv e de outras localidades do Oriente Médio com brasileiros resgatados devem ocorrer à tarde, pelo horário local. A ideia é que os cidadãos sejam levados até os aeroportos pela manhã, para evitar que façam o deslocamento terrestre de madrugada. Segundo Damasceno, alguns brasileiros também podem voltar em voos comerciais.
Número de mortos já passa de 900
Atualizado no dia 9.10.23 às 10:26h
Israel se declarou oficialmente em guerra após terroristas do grupo Hamas realizarem um ataque surpresa contra o país a partir da Faixa de Gaza. O número de mortos já passa de 900. O conflito ocorre 50 anos após a Guerra do Yom Kippur, em 1973, quando nações árabes lideradas por Egito e Síria também fizeram um ataque surpresa contra Israel.
O Itamaraty condenou no sábado os ataques em território israelense. “Ao reiterar que não há justificativa para o recurso à violência, sobretudo contra civis, o Governo brasileiro exorta todas as partes a exercerem máxima contenção a fim de evitar a escalada da situação”, diz nota divulgada pelo MRE.
(Agência Estado)