Grandes empresas americanas apostam em revistas impressas para reforçar reputação e engajar públicos estratégicos

Da Redação
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Enquanto o mercado editorial enfrenta transformações digitais constantes, algumas das maiores empresas dos Estados Unidos estão indo na contramão: estão investindo em revistas impressas próprias como estratégia de comunicação e branding. Microsoft, Hinge e Costco são exemplos de marcas que enxergam no papel uma maneira eficaz de contar suas histórias, fortalecer sua reputação e alcançar públicos de alta relevância de maneira mais profunda.
No dia 15 de maio, a Microsoft lançou a primeira edição da sua própria revista impressa, intitulada Signal. Com 120 páginas, a publicação inclui uma matéria assinada por Bill Gates, entrevistas com CEOs e especialistas das diversas áreas da empresa e artigos com reflexões sobre inteligência artificial e inovações tecnológicas. Serão distribuídas apenas 1.500 cópias físicas da revista.
Apesar do tema central ser tecnologia, a empresa optou por uma produção editorial 100% humana. Segundo Steve Clayton, editor executivo e vice-presidente de estratégia de comunicação da Microsoft, a IA foi usada apenas em algumas etapas de “pesquisa profunda”, mas nenhum conteúdo foi gerado por máquinas.
Frank Shaw, diretor de comunicação da Microsoft, explicou ao site Axios o objetivo da publicação: “Estamos sempre pensando nas formas mais eficazes de alcançar nossos clientes mais importantes. Por que não criar uma revista para os CEOs e executivos das organizações selecionadas, que seja interessante, envolvente e ainda traga ótimas informações sobre a Microsoft e seus clientes?”
A iniciativa da Microsoft busca se afastar de uma abordagem puramente publicitária. “Isso não é marketing”, afirma Shaw. “É uma narrativa em estilo jornalístico. Não são estudos de caso. É sobre marca e reputação, e não sobre dizer o quão incrível é uma funcionalidade de produto.”
Essa linha editorial reforça a tendência de marcas que apostam em conteúdo próprio — o chamado owned media — para estabelecer conexões mais autênticas e duradouras com seus públicos de interesse, principalmente em tempos de excesso de informação e consumo digital acelerado.
Embora muitas dessas revistas atinjam públicos mais velhos, há exemplos que mostram que os mais jovens também estão abertos ao consumo de conteúdo físico.