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Goiás tem saldo positivo de 186 mil novos moradores e é o segundo estado que mais atraiu população

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que Goiás foi o segundo estado que mais recebeu novos moradores entre 2017 e 2022, atrás apenas de Santa Catarina. O saldo migratório positivo do estado foi de 186.827 pessoas, resultado da chegada de 371 mil novos residentes vindos de outros estados, com uma saída de 184 mil goianos para outras partes do país.

O levantamento faz parte dos dados complementares do Censo Demográfico de 2022 e lança luz sobre os fluxos migratórios internos no Brasil, revelando os estados mais atrativos e os que mais perderam população nos últimos cinco anos.

DF lidera como origem de novos moradores

Entre os novos habitantes de Goiás, 28,2% vieram do Distrito Federal, confirmando a relação histórica e geográfica entre as duas unidades da federação. A migração do DF para Goiás tem sido impulsionada por diversos fatores, como o alto custo de vida em Brasília, a proximidade logística e o crescimento da região do Entorno, que se tornou uma alternativa mais acessível para trabalhadores da capital federal.

Além do DF, os estados que mais enviaram migrantes para Goiás foram o Maranhão, com 12,3%, e o Pará, com 9,5% do total de novos moradores. Esses fluxos indicam uma forte atração do estado goiano para populações do Norte e Nordeste em busca de melhores condições de vida e oportunidades de trabalho.

Região Centro-Oeste em crescimento, com exceção do DF

Segundo o IBGE, Goiás não está sozinho nesse movimento. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul também apresentaram saldo migratório positivo entre 2017 e 2022. O destaque negativo na região Centro-Oeste ficou por conta do próprio Distrito Federal, que perdeu 99,5 mil habitantes no período – o terceiro maior volume de saídas entre todas as unidades da federação.

Para a demógrafa e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Larissa Cardoso, o movimento é reflexo de um processo contínuo de desconcentração populacional. “As cidades de Goiás, especialmente na região metropolitana de Goiânia e no Entorno de Brasília, têm apresentado crescimento urbano e oferta de serviços que antes eram exclusivos das capitais. Isso, somado ao custo mais acessível de vida, explica o aumento da migração para o estado”, avalia.

Goiás no topo do ranking de atração populacional

O saldo positivo de 186,8 mil novos moradores coloca Goiás na segunda colocação entre os estados que mais ganharam população no Brasil, atrás apenas de Santa Catarina, que registrou saldo de pouco mais de 354 mil habitantes no mesmo período.

A dinâmica migratória favorável a Goiás confirma a transformação do estado em um dos principais polos de crescimento do país. O avanço em setores como agronegócio, logística, indústria farmacêutica, tecnologia e ensino superior tem gerado novos empregos e atraído famílias inteiras.

Saídas: Rio de Janeiro, Maranhão e DF perdem moradores

Na outra ponta do ranking, o Rio de Janeiro lidera como o estado que mais perdeu habitantes, com um saldo negativo de 165,3 mil pessoas. Em seguida aparecem o Maranhão, com 129,2 mil saídas, e o Distrito Federal, com 99,5 mil.

Esse movimento migratório aponta para um redesenho demográfico do Brasil, com regiões antes vistas como periféricas assumindo protagonismo populacional e econômico. “Goiás, assim como Santa Catarina e Mato Grosso, oferece um cenário de oportunidades com menor custo de vida e maior qualidade urbana em algumas regiões. Isso vem se tornando decisivo para famílias que antes migravam para as capitais do Sudeste”, explica o economista Cláudio Figueiredo, do Instituto de Estudos Regionais (IER).

Como o Censo captou as migrações

Para calcular os fluxos migratórios internos, o IBGE perguntou aos entrevistados onde moravam em 31 de julho de 2017. A partir das respostas, foi possível mapear os deslocamentos populacionais ao longo dos cinco anos anteriores ao Censo de 2022.

Ao todo, aproximadamente 7,8 milhões de entrevistas responderam a esse recorte, correspondendo a 10,6% dos domicílios do país. Os dados são considerados estatisticamente representativos e oferecem uma fotografia detalhada da movimentação da população brasileira.

Impactos urbanos e desafios para o futuro

O crescimento populacional acentuado em Goiás, especialmente nas regiões metropolitanas de Goiânia e do Entorno do DF, traz oportunidades, mas também desafios. O adensamento urbano exige mais investimentos em infraestrutura, transporte público, saúde e educação.

O secretário estadual de Planejamento de Goiás, Renato de Castro, vê com otimismo os dados, mas reconhece que é preciso planejamento para sustentar o ritmo. “É um sinal de que estamos no caminho certo. Agora o desafio é garantir que esse crescimento venha acompanhado de políticas públicas estruturantes para acolher bem esses novos goianos”, disse.

GED

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