Goiânia

Goiânia recicla apenas 4% dos seus resíduos sólidos

“Lixo zero é uma meta ética, econômica, eficiente e visionária para guiar as pessoas a mudar seus modos de vidas”, ressalta a bióloga embaixadora do projeto Lixo Zero em Goiás

O Lixo Zero é um dos principais movimentos de proteção ambiental do Centro-Oeste. O projeto é um movimento que surgiu em Goiânia em 2014. Já foram realizados diversos projetos como o Residência Resíduo Zero e o Escola Resíduo Zero, ambos premiados pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea – GO).

De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), 46 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos foram enviados para aterros sanitários brasileiros no ano de 2020. Conforme o diagnóstico do Ministério do Desenvolvimento Regional, apenas 5,4% dos materiais recolhidos pelos serviços públicos de coleta são reciclados.

“Lixo zero é uma meta ética, econômica, eficiente e visionária para guiar as pessoas a mudar seus modos de vidas , o conceito busca o máximo aproveitamento e correto encaminhamento dos resíduos recicláveis e orgânicos e a redução – ou mesmo o fim – do encaminhamento destes materiais para os aterros sanitários e/ou para a incineração”, ressalta a bióloga e embaixadora do projeto Lixo Zero em Goiás,  Raquel Pires.

Em sua terceira edição, a Jornada Lixo Zero terá um drive thru disponível para coleta de materiais como eletrônicos, recicláveis, objetos de escrita, esponjas, lâmpadas de mercúrio, medicamentos vencidos, pilhas, baterias, pneus, entre outros.

Para a troca de lâmpadas fluorescentes e incandescentes por lâmpadas de led que são mais econômicas pela Enel será necessário apresentar a conta de luz.E para recolhimento de óleo usado pela Saneago e receber o desconto na conta precisa ter em mãos a conta de água.

“O conceito lixo zero é de alto impacto econômico tendo em vista que gastamos 1 real para enterrar 5 reais, é o nosso dinheiro, dos nossos impostos que poderiam estar sendo aproveitados de uma maneira bem melhor, mais eficiente e que impactaria menos no meio ambiente, como campanha de ações educativas”, a bióloga.

Além da coleta, o movimento contará com outras atividades no local, como aula de defesa pessoal para mulheres, apresentações musicais, palestras, oficinas, pinturinha infantil e exposições artísticas de Matias Pereira Franca e Cristiano Borges da Silva e  distribuição de mudas nativas do cerrado, mudas medicinais e composto orgânico durante todo o dia.

“Hoje Goiânia recicla apenas 4% dos seus resíduos. são necessárias ações contínuas de educação ambiental para a população, a inserção desse tema desde a fase pré-escolar para que as crianças já tenham o hábito da reciclagem internalizado e isso vire uma cultura futuramente”, ressalta Pires.

Para Raquel as ações a fim de ir em busca de um mundo mais consciente é de agora visto que já é possível sentir na pele os impactos. “ Antes falávamos de impacto nas gerações futuras, porém esse impacto vivenciamos todos os dias com a mudança climática, enchentes, alagamentos e doenças como a dengue.  A responsabilidade é de todos nós, cada ser humano gera em média 1 kg de lixo por dia”, explica.

Para ela a melhor forma de fazer a nossa parte em prol de soluções mais efetivas com relação ao meio ambiente é “rever nossos hábitos de consumo e começar encaminhar nosso resíduos ( algo que tem valor, que pode ser reaproveitado, gerar trabalho e renda para as cooperativas , dar dignidade para esses trabalhadores) ao invés de descartar lixo (algo que não tem mais serventia)”. A próxima ação será no Parque Vaca Brava no dia 11 de junho e no Parque Areião em  25 de junho.

Reciclagem

A aposentada Regina Célia Gomes de Menezes arrecada tampinhas plásticas para juntar fundos para ajudar na castração de animais de rua, ela participa do projeto há quase quatro anos. Nesse período 80 toneladas de tampinhas foram recicladas e mais de 800 animais castrados

Regina Célia arrecada tampinhas plásticas para juntar fundos para financiar a castração de animais de rua | Foto: Pedro Pinheiro

“A arrecadação é feita pelo instagram: @projetotampatas onde as pessoas juntam as tampinhas e olham nos destaques os pontos de coletas e eu passo recolhendo as tampinhas que vão ser encaminhadas para a reciclagem. Então ajuda o meio ambiente e os animais em situação de rua”, explica.

Ela cona que as tampinhas arrecadadas são encaminhadas para a reciclagem onde é transformada em outro produto e volta para a cadeia de consumo e deixa de poluir. “É importante dar a destinação correta para esses resíduos que tanto poluem e ainda podem se transformar em renda para cooperativas de reciclagem ou outros temas sociais como o Tampatas que ajuda animais de rua. Isso serve para conscientizar as pessoas de que o planeta é nosso e se não tomarmos uma atitude logo nosso fim estará próximo”, conclui.

A Central Uniforte é uma Central de Cooperativas de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis, criada em 2013, em Goiânia a fim de fortalecer esses profissionais da região metropolitana da Capital, melhorar suas condições de trabalho, reforçar a importância do alcance de um mundo sustentável, que respeita e cuida do meio ambiente. Atualmente Goiânia conta em média com 1.500 catadores de materiais recicláveis.

Em 2013 aprovou um projeto no CATAFORTE III – Negócios Sustentáveis em Redes Solidárias e, em 2015, em uma parceria com o Ministério Público do Estado de Goiás, recebeu, através de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), 05 caminhões que são utilizados na Coleta Seletiva de Goiânia e para coleta em grandes geradores.

A presidente da rede uniforte de Goiânia, Dulce Helena do Vale, conta que o trabalho feito por eles é essencial para Goiânia. “A partir do momento que tiramos esses resíduos que são comuns irem para rios, bueiros, ruas e encostas de atas nós evitamos que piore o meio ambiente e a saúde pública”.

Segundo ela, a reciclagem contribui para ter menos gastos do poder público com varrição, com dengue e não tiram matéria prima da natureza para fabricar mais produtos, já que eles recuperam e devolvem para a cadeia produtiva.

“A maior parte dos recicláveis passam pelas mãos dos catadores, infelizmente a importância desse trabalho não é vista pelo poder público e pela sociedade. Essa categoria é a que é menos remunerada, já que fazemos o serviço primordial em toda a cadeia da reciclagem”, reclama.

A Rede abrange seis empreendimentos, sendo cinco desde a constituição da Rede e 1 novo. A COOPREC, que é a base de serviços, é uma das cooperativas que integra a Uniforte. Todos trabalham em galpões semi estruturados e recebem a coleta seletiva enviada pelo município de Goiânia.

Ações da Comurg

A reportagem entrou em contato com a Companhia de Urbanização do Município de Goiânia (Comurg) para saber as ações tomadas pela prefeitura para a promoção do descarte correto de materiais recicláveis. Em nota foi informado que a prefeitura coleta, através da Comurg, 36 mil toneladas de lixo orgânico, por mês. A coleta é feita numa frequência mínima de 3 vezes por semana em bairros mais adensados, ela é realizada diariamente.

Na coleta seletiva atualmente é coletado 2.100 toneladas por mês, segundo afirma a pasta. A frequência é de acordo com a demanda, porém a cobertura é em toda a cidade.Todo material coletado é distribuído para as 13 cooperativas conveniadas.

Sobre entulhos de construção, a Comurg explica que são recolhidos, mensalmente, em torno de 45 mil toneladas de entulhos de construção descartados de forma irregular pela cidade.

A Prefeitura afirma disponibilizar também, por meio da Comurg, o serviço Cata-treco, que se destina ao recolhimento em domicílio de objetos inservíveis, tais como: sofás, colchões,  tevês, computadores, máquinas de lavar, fogões, geladeiras, etc. Tudo é destinado para as cooperativas, e para ter acesso é necessário ligar no 3524-8555 ou através do WhatsApp pelo 98596-8555 e agendar o serviço gratuito.

Existem também quatro pontos para descartes de pequenas quantidades de entulhos e outros objetos, sem nenhum custo nos seguintes locais:

  • Ecoponto Guanabara: Rua GB-5 c/ Rua GB-6, Jardim Guanabara II
  • Ecoponto Faiçalville: Av. Nadra Bufaiçal c/ Av. Madri APM, Setor Faiçalville
  • Ecoponto Jardim São José: Rua Frei Nazareno Confaloni c/ Rua Irmã Maria Bernarda, Jardim São José
  • Ecoponto Campos Dourados: Rua São João Del Rei APM 07, Res. Campos Dourados.

A pasta conta que está mapeado a instalação de mais 20 ecopontos. Também a Comurg disponibiliza um serviço de recolhimento de animais mortos na cidade de Goiânia. A coleta é feita nos animais abandonados nas vias públicas como também nas residências. Para animais abandonados nas ruas devem ligar no número 3524-8555 e indicar  o local, esse serviço é gratuito.

Se for animal nas residências deve ligar no 3524-3410 e solicitar a emissão do boleto no valor de R$37,40. Animais de pequeno porte, até 10 kg, pagam a taxa de R$37,40. Acima de 10 kg,será cobrado o valor de R$3,74 por kg excedente.

Os dados devem  ser passados pelo 3524-3410, que é WhatsApp também, ou pelo e-mail: [email protected]. Para os animais levados no aterro sanitário de Goiânia, não é cobrada nenhuma taxa.

*informações de O hoje

GED

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