Goiânia é mencionada 42 vezes no relatório da Polícia Federal (PF) que detalha um plano golpista elaborado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder e assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O documento, que possui 884 páginas, coloca a capital de Goiás como um centro estratégico, funcionando como um “quartel-general” (QG) para apoio logístico e tático em ações relacionadas à tentativa de golpe.
De acordo com uma análise do relatório realizada pelo Mais Goiás, o Aeroporto de Goiânia é citado como um ponto chave para a chegada e partida de investigados, além de ser utilizado para locação de veículos que facilitaram os deslocamentos, especialmente em direção a Brasília. A cidade também foi identificada como um elo essencial nas conexões terrestres entre Goiânia e a capital federal, com a Rodovia BR-060 frequentemente mencionada como rota utilizada pelos envolvidos, com registros de pedágios e monitoramento das viagens.
O relatório também destaca a presença de residências de investigados na cidade, observando movimentações significativas nas imediações desses endereços, identificadas por sinais de celulares e conexões telefônicas.
Goiânia como centro de operações militares
Goiânia abriga unidades militares de destaque, como o Comando de Operações Especiais (COpEsp) e o Batalhão de Ações e Comandos (BAC), ambas localizadas na cidade, e que desempenharam papéis centrais no planejamento e execução de ações investigadas. Essas unidades foram responsáveis pela mobilização de veículos e pela realização de operações de alta complexidade, reforçando o caráter estratégico de Goiânia dentro do plano.
O Comando de Operações Especiais (COpEsp) foi integrado no planejamento de ações clandestinas devido ao seu papel na formação de militares especializados em contraterrorismo, reconhecimento especial e guerra não convencional. O COpEsp forneceu habilidades essenciais para a execução do plano golpista. Grupos provenientes dessa unidade, incluindo militares do BAC, foram destacados para monitorar alvos estratégicos em Brasília.
No dia 15 de dezembro de 2022, um grupo chamado “Kids Pretos”, formado por integrantes de forças especiais, deslocou-se de Goiânia para a capital federal com a missão de realizar ações operacionais que incluíam monitoramento e possível execução de ordens contra autoridades. Essas ordens visavam, além da neutralização de opositores ao golpe, o assassinato de figuras-chave do governo eleito, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
As operações foram realizadas pelo BAC, unidade sediada em Goiânia. Veículos vinculados ao BAC foram utilizados para deslocamentos táticos, com a instalação sendo também utilizada como base de coordenação para ações clandestinas. O planejamento envolvia o uso de um documento denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que delineava estratégias específicas para atuação. Esse plano, que incluía a participação de militares formados no COpEsp, foi impresso no Palácio do Planalto e detalhava operações de alta complexidade, destacando o papel estratégico de Goiânia no suporte logístico e operacional das ações.