Garçom denuncia agressão armada e irregularidades trabalhistas em restaurante de alto padrão em Goiânia

Um jovem de 22 anos, Nelton Hugo de Paula Leão, ex-funcionário de um restaurante localizado no bairro Alphaville, em Goiânia, relatou ter sido agredido pelo dono do estabelecimento na madrugada da última quinta-feira (17). O caso teria ocorrido após uma discussão relacionada ao extravio de uma comanda durante o expediente.
Como aconteceu
Segundo o boletim de ocorrência e relatos do próprio Nelton, o restaurante estava lotado quando ele percebeu o sumiço de uma comanda e pediu ajuda ao empregador para resolver o problema. Pouco depois, encontrou a comanda no próprio bolso, misturada com outros papéis.
Mesmo esclarecida a situação, o patrão acusou o garçom de tentativa de furto e o conduziu para uma área do restaurante sem câmeras de segurança. Lá, o dono do restaurante teria desferido golpes contra a cabeça do funcionário usando uma pistola, resultando em sangramento. Além das agressões físicas, Nelton afirma ter sido ameaçado de morte caso procurasse a polícia para denunciar o ocorrido.
Já após a agressão, advogados representantes dos proprietários tentaram negociar com a vítima, oferecendo-lhe R$20 mil para que retirasse a queixa, proposta recusada pelo jovem, que formalizou a denúncia na delegacia.
Irregularidades trabalhistas
Nelton ainda relatou uma série de irregularidades no ambiente de trabalho, apontando atrasos no pagamento de férias — que só eram concedidas quase dois anos após o início das atividades — e cobranças de funções não previstas no contrato. Colegas de trabalho confirmaram ter presenciado o momento em que ele foi levado para trás da escada e, em seguida, apareceu ferido diante do restante da equipe.
Investigação
O caso está sob investigação da Polícia Civil. Nelton, abalada com o episódio, declarou:
“Nunca imaginei que meu chefe seria quem me colocaria uma arma na cara.”
Situação dos direitos trabalhistas
De acordo com a legislação trabalhista brasileira e orientações de órgãos do Estado de Goiás, práticas como agressão física, ameaças e irregularidades no pagamento de direitos são condutas graves e, além de configurarem infrações administrativas e criminais, dão suporte à rescisão indireta do contrato de trabalho, ao pagamento de danos morais e à responsabilização penal do agressor em caso de comprovação dos fatos.
O que fazer em situações semelhantes
- Registrar Boletim de Ocorrência imediatamente.
- Buscar atendimento médico e laudo de corpo de delito em caso de agressão física.
- Denunciar irregularidades à Delegacia Regional do Trabalho (DRT), Ministério Público do Trabalho ou sindicatos da categoria.
- Reunir provas e testemunhas que possam corroborar os relatos.
A apuração prossegue e, segundo autoridades, casos assim reforçam a importância da denúncia e da busca por proteção legal dos direitos dos trabalhadores.