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Falha em extintor e vazamento de gás causaram tragédia com balão em Santa Catarina, diz piloto à polícia

Piloto prestou depoimento voluntário e relatou que princípio de incêndio começou no cesto, após vazamento de botijão reserva

O piloto do balão de ar quente que caiu e provocou a morte de oito pessoas na cidade de Praia Grande, no sul de Santa Catarina, afirmou à Polícia Civil que o extintor de incêndio da aeronave falhou no momento do acidente. Ele se apresentou voluntariamente e foi interrogado no domingo (22), um dia após a tragédia que chocou o país.

Segundo o depoimento prestado à polícia, o fogo teria começado na base do cesto do balão, onde havia um botijão de gás reserva e, segundo o piloto, também “algum pano ou material inflamável”. A tentativa de conter as chamas falhou quando o extintor de incêndio, equipamento obrigatório nesse tipo de veículo, não funcionou.

“O incêndio teria começado na base, no piso do cesto (…). O extintor de incêndio não funcionou e ele não conseguiu apagar o princípio de incêndio”, explicou o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, em entrevista coletiva neste domingo.

O acidente

A queda aconteceu por volta das 8h do sábado (21), na comunidade de Cachoeira de Fátima, em Praia Grande, cidade que fica a cerca de 300 km de Florianópolis. O balão, que fazia um voo panorâmico, transportava 21 pessoas — 20 passageiros e o piloto.

O fogo começou quando o balão ainda estava no ar, e as chamas tomaram o cesto em poucos minutos. A aeronave caiu sobre o telhado de uma unidade de saúde, onde provocou um princípio de incêndio rapidamente controlado pelo Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina.

Das 21 pessoas a bordo, oito morreram na hora. As vítimas estavam no mesmo grupo e fariam o passeio turístico juntos. Os demais passageiros foram socorridos com ferimentos de diferentes gravidades, e alguns permanecem internados em hospitais da região.

Vítimas identificadas

As autoridades confirmaram os nomes dos oito mortos no acidente. São eles:

  • Andrei Gabriel de Melo
  • Everaldo da Rocha
  • Fabio Luiz Izycki
  • Janaina Moreira Soares da Rocha
  • Juliane Jacinta Sawicki
  • Leandro Luzzi
  • Leane Elizabeth Herrmann
  • Leise Herrmann Parizotto

A maioria das vítimas era de famílias do Paraná e de Santa Catarina, que buscavam uma experiência turística na região conhecida pelos voos de balão.

Investigação em andamento

A Polícia Civil e a Aeronáutica investigam as causas do acidente. Técnicos do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA) já estiveram no local para coleta de dados e partes do equipamento que poderão ser analisadas em laboratório.

A versão apresentada pelo piloto sobre o início do incêndio será confrontada com as provas técnicas. Ainda não se sabe se houve falha mecânica, negligência na manutenção ou erro humano.

“O piloto será investigado por possível responsabilidade penal e administrativa. Também vamos apurar as condições de segurança da empresa que operava o voo, incluindo o cumprimento das normas técnicas e de segurança exigidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)”, afirmou o delegado Ulisses Gabriel.

Empresa sob investigação

A empresa responsável pelo balão ainda não se manifestou oficialmente. Fontes da investigação informaram que os documentos da aeronave e as autorizações operacionais estão sendo analisadas. Entre os pontos apurados estão a validade da manutenção, o registro da aeronave e o credenciamento do piloto.

Também será apurado se a quantidade de passageiros estava dentro dos limites de segurança e se os equipamentos obrigatórios, como extintores e kits de emergência, estavam devidamente funcionais e revisados.

Comoção e luto

O acidente causou forte comoção em Santa Catarina e no Paraná. Familiares das vítimas foram recebidos por equipes de psicólogos e assistentes sociais no Instituto Médico Legal (IML) para reconhecimento dos corpos e liberação para sepultamento.

A Prefeitura de Praia Grande decretou luto oficial de três dias e suspendeu eventos públicos. O governo de Santa Catarina emitiu nota lamentando as mortes e prestando solidariedade às famílias.

Em redes sociais, amigos e familiares das vítimas lamentaram a tragédia. “Um passeio que era para ser inesquecível acabou em dor para todos nós”, escreveu um parente de uma das vítimas.

Regulamentação do setor

O acidente reacende o debate sobre a segurança na operação de balonismo no Brasil. Considerado uma prática segura quando segue protocolos rigorosos, o balonismo turístico ainda carece de uma regulamentação mais clara e fiscalização frequente em algumas regiões do país.

Atualmente, a atividade é regulamentada pela Anac e pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), mas há reclamações de operadores e especialistas sobre a escassez de auditorias e dificuldades de padronização dos equipamentos e treinamentos.

Especialistas apontam que falhas como a relatada no extintor são graves e devem ser tratadas como sinais de negligência na manutenção dos balões, que precisam passar por inspeções regulares.

GED

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