Estudo mostra que uso excessivo de ferramentas como o ChatGPT pode prejudicar o aprendizado

Da Redação
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O uso crescente da inteligência artificial no ambiente escolar está levantando um novo alerta entre educadores, pais e especialistas em neurociência. De acordo com uma matéria publicada recentemente pela revista TIME, um estudo inédito realizado pela Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, revelou que estudantes que recorrem ao ChatGPT para responder a perguntas ou resolver tarefas complexas tendem a utilizar menos áreas do cérebro ligadas ao raciocínio, à memória e à tomada de decisões.
A pesquisa analisou a atividade cerebral de estudantes universitários por meio de monitoramento por eletroencefalograma enquanto realizavam tarefas de leitura e escrita com e sem o uso do ChatGPT. O resultado mostrou que os alunos que apenas copiaram as respostas geradas pela IA apresentaram níveis significativamente mais baixos de atividade neural nas regiões associadas ao pensamento crítico.
Segundo os autores do estudo, isso sugere que o uso passivo da inteligência artificial pode levar a um empobrecimento do aprendizado. “A ferramenta pode parecer eficiente, mas seu uso indiscriminado tende a reduzir o esforço mental, limitando o desenvolvimento de habilidades cognitivas fundamentais, especialmente em jovens ainda em fase de formação”, explica o neurocientista Jayden Ziegler, um dos responsáveis pela pesquisa.
A preocupação se intensifica no contexto de ensino médio e universitário, em que a autonomia e o raciocínio analítico são essenciais para a formação de cidadãos críticos e criativos. “É como usar uma calculadora antes de aprender a fazer contas”, compara Ziegler. “Se a IA responde tudo por você, o cérebro não tem a oportunidade de aprender como chegar à resposta.”
Por outro lado, os especialistas alertam que o problema não está na ferramenta em si, mas no modo como ela é utilizada. O ChatGPT, por exemplo, pode ser um grande aliado do ensino quando usado com responsabilidade — para revisar textos, sugerir ideias ou esclarecer dúvidas. A chave está no uso ativo, em que o estudante interage com o conteúdo e mantém o pensamento crítico como protagonista.
A reportagem da TIME também destaca o papel das escolas e universidades na criação de diretrizes claras sobre o uso de ferramentas de IA. Professores devem orientar os alunos sobre como usar essas tecnologias de forma complementar e ética, e não como um atalho para evitar o esforço cognitivo.