Especialistas revelam estratégias das empresas para faturar na pandemia
Para eles, empresas que operam só no meio físico estão fadadas a desaparecer do mercado
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As empresas que ignoram o processo de digitalização dos negócios e permanecem alheias à tecnologia, sem atuar na internet, podem cair no ostracismo e sumir do mercado. Nesta pandemia da Covid-19, por exemplo, quem não deu aos clientes a opção de comprar seus produtos e serviços on-line, em alternativa ao fechamento das lojas físicas, foi superado pelas empresas já digitalizadas, que não pararam na quarentena. Para especialistas em empreendedorismo, as empresas adeptas ao comércio eletrônico possivelmente estão faturando acima da média, nesse mercado que deve movimentar R$ 111 bilhões no Brasil em 2020, 49% mais do que no ano passado, segundo a consultoria de gestão Kearney.
Não só o comércio eletrônico, o e-commerce, mas o home office também tem sido um recurso valioso para as empresas digitalizadas nesta pandemia. Estudo da empresa de consultoria em recursos humanos Robert Half mostra que, além dos empresários, os funcionários também veem no home office um bom negócio. Para 49% dos entrevistados, o trabalho a distância permite equilibrar melhor a vida profissional e pessoal. Na pesquisa, 67% dos profissionais que tiveram de trabalhar em casa na quarentena disseram que é possível continuar com a rotina de home office. E seguir com o trabalho remoto no pós-pandemia é a intenção de ao menos 30% das empresas brasileiras, segundo apurou a FGV (Fundação Getúlio Vargas) no estudo Tendências de Marketing e Tecnologia em 2020: Humanidade Redefinida e os Novos Negócios.
Empreendedora e especialista em análise de dados, a contadora Jakline Tolentino explica que a empresa é considerada digitalizada quando ela está atuando no mercado online, ou seja, saindo da operações presenciais para o digital. Jakline, que é escritora na área do empreendedorismo, sintetiza o maior benefício da digitalização do negócio, na sua opinião: “O principal benefício é a redução de custo, pois uma empresa digital não necessita de um espaço físico para existir”.
O também empreendedor Chaysther Lima, outro autor no campo do empreendedorismo, esclarece explica o ponto de partida para as empresas a se digitalizarem. Segundo ele, é preciso entender que a tecnologia veio para se somar ao processo e compreender em quais pontos ela pode automatizar as rotinas, melhorar o desempenho e impulsionar os resultados. “É importante criar um plano de negócios bem estruturado, ter estratégias bem definidas e alinhar os processos organizacionais”, completa Chaysther, que treina jovens para a carreira no empreendedorismo.
Jakline e Chaysther concordam que as empresas que se mantém na cultura dos processos análogicos estão fadadas a morrer em seus mercados. Eles destacam que o consumidor hoje é multitelas, ou seja, ele procura na internet a solução para tudo o que precisa. “Entenda que o mundo está conectado através da internet”, acrescenta Chaysther.
Comunicação em primeiro plano
Na avaliação do pesquisador em desenvolvimento pessoal na carreira Alysson Costa, a migração das empresas do analógico para o digital demanda, antes de tudo, uma mudança de pensamento, comportamento e atitude. Alysson também é jornalista e autor de livros sobre empreendedorismo. Ele ressalta que a digitalização das empresas envolve adequações na comunicação interna – entre os colaboradores – e externa, com os clientes e a sociedade em geral.
“Eu penso que tudo se resume na palavra relacionamento. Ficou para trás o tratamento protocolar que as empresas davam aos clientes antigamente. Clientes e empresas hoje curtem um ao outro nas redes sociais. Eles interagem o tempo todo e, nessa relação, não há a limitação do horário do expediente. Engajamento nas redes, aliás, é quase uma nova moeda que circula no meio virtual. Quanto mais engajamento dos clientes a empresas têm em suas redes sociais, mais valor elas geram para a sociedade, seus colaboradores e fornecedores”, conclui Alysson Costa.
Atenção às reações dos clientes
Jakline Tolentino, Chaysther Lima e Alysson Costa pontuam que as empresas digitalizadas bem-sucedidas têm em comum o bom relacionamento com os clientes e a realização de abordagens comerciais para avaliar resultados e feedbacks. Morando em Goiás, os três são co-autores do livro O Sucesso é Treinável, que, em menos de quatro horas após seu lançamento, se tornou o título mais vendido no site da Amazon. O livro também esteve em 8º lugar no ranking da revista Veja, entre os mais vendidos na categoria autoajuda e esoterismo.