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Em tempos de Covid-19, fiscalização tem de ser para todos e não só para os empresários
Com o escalonamento regional do comércio em Aparecida de Goiânia, que começou a vigorar no início do mês de junho, percebemos uma somatória de esforços no sentido de ampliar a fiscalização para que os empresários cumpram rigorosamente as determinações acerca das medidas de controle e combate ao novo coronavírus. E até certo ponto não está errado.
Até porque, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a medida mais eficiente no controle da Covid-19, até que seja disponibilizada uma vacina que consiga controlar a pandemia, é o isolamento social. E no começo do mês a taxa de isolamento no município não passava dos 36%, o que gerou ainda mais preocupação entre as autoridades em saúde pública.
O modelo implementado pela Prefeitura de Aparecida é inspirado em uma experiência positiva realizada em Israel, que até seria eficaz dentro da nossa realidade. Isso se a população estivesse, de fato, comprometida com a situação sanitária difícil que o mundo passa nesse momento.
E é nesse contexto que alertamos para a necessidade de mudança de foco, ou compartilhamento dele, quando observamos uma atenção exclusiva das equipes de fiscalização em torno dos empresários. Precisamos dividir essa conta com a população, que em muitos casos, parece desconhecer os riscos da ocorrência de aglomeração nesse momento.
E vale ressaltar também que os empresários, diante do desejo de ao menos tentar recuperar os enormes prejuízos causados pelo fechamento desde março, quando foi instituída a emergência em saúde pública no Brasil, Goiás e Aparecida, têm feito a parte deles.
Entre as medidas de prevenção, percebemos a disponibilização de álcool 70%, locais para higienização das mãos, controle de fluxo de pessoas dentro dos estabelecimentos comerciais, verificação de temperatura de colaboradores e clientes, entre outros. Isso mostra o comprometimento dos empresários no cumprimento das determinações.
Assim, nossa observação é quanto à responsabilização única sobre o meio empresarial, quando esta deveria ser cobrada também daquela parte da população que vai às ruas sem necessidade, que provoca aglomerações, que migra de uma macrorregião para outra, quando do dia do escalonamento, de pessoas que insistem em não usar máscara facial e que colocam em risco a vida delas, familiares, de toda a comunidade.
Além de cobrar dos empresários, que as equipes de fiscalização da Fazenda, Postura, Meio Ambiente, Guarda Civil Municipal (GCM) e demais forças envolvidas no combate e controle da pandemia, atuem também no controle de fluxo de pessoas fora dos estabelecimentos comerciais. Nas ruas, parques, feiras livres, ônibus do transporte público, entre outros.
Essa é uma conta que, caso algum ente seja irresponsável ou omisso, todos vão pagar. A população com as altas taxas de infecção e o pior: as mortes em decorrência da Covid-19. Os empresários com os fechamentos de seus comércios, a falência e, com isso, o resultado é mais uma consequência grave à população, que é o desemprego que não para de subir no país.
Maione Padeiro é presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial da Região Leste de Aparecida de Goiânia (ACIRLAG)