E se sua rentabilidade for em dólar?
Com toda a crise econômica gerada pela pandemia do Covid-19, o dólar se tornou o refúgio de segurança de vários investidores internacionais que retiraram seus investimentos de risco e buscaram um porto-seguro a seu capital. Com a desvalorização do real frente ao dólar, economistas e agentes do governo estão preocupados com os impactos no Brasil. Não é para menos, afinal, esta é a primeira vez que a moeda americana chega em patamares próximos à R$ 6,00, podendo gerar prejuízos em grandes empresas importadoras, disparar a inflação e aumentar a instabilidade econômica.
Mas, olhando por outro lado, e se parte de nosso patrimônio, enquanto investidores, for em dólar? Para quem tem investido lá fora, a alta do dólar é sinônimo de mais dinheiro no bolso. Um aumento patrimonial de 31,54% em real apenas em 2020. Vale lembrar que o dólar é uma moeda de uso global. Nesta lógica, a ideia é escolher os melhores ativos em diversos países, uma diversificação importante para a consolidação do patrimônio.
Não estou dizendo que investir no Brasil é ruim, longe disso. Mas uma regra importante usada no mercado financeiro é: diversifique sua carteira, ou seja, aquela velha história de não colocar todos os ovos na mesma cesta. Escolhendo ativos diversos, os riscos são mitigados. Desta forma, se, por um lado, há queda, por outro há ganho, o que acaba sendo compensado no final das contas. Quando se fala em desempenhos de países diferentes, isso se torna ainda mais nítido.
O dólar é, não só hoje, uma moeda sólida, bem superior ao real e que proporciona uma maior estabilidade e uma previsibilidade melhor no longo prazo, trazendo mais segurança. Para quem está no Brasil, o segredo é garimpar opções em outros países, que tragam benefícios que nos faltam aqui.
Para investir na B3, basta ter conta no banco e acesso a alguma corretora de valores (para adquirir CDBs, por exemplo, nem isso é necessário – muitas vezes o próprio banco já resolve todo o processo). Prático, rápido e cômodo. Até mesmo quem não investe já recebeu propostas nesse sentido pelo gerente de conta.
Agora, para alcançar ganhos melhores, é preciso analisar e fazer as contas do que realmente vale a pena. Consultores financeiros fazem exatamente este serviço. De acordo com os objetivos a serem alcançados, verifica quais os melhores ativos, considerando rentabilidade, prazo e taxas envolvidas.
Para colocar dinheiro lá fora e perceber crescimento atrelado ao dólar, o caminho não é muito diferente. Você pode abrir uma conta em um banco estrangeiro ou corretora de forma online e fazer o câmbio do seu dinheiro no Brasil para essa nova conta. Para investidores maiores é recomendado utilizar meios mais robustos, como a criação de uma empresa no exterior para ser detentora dos seus investimentos internacionais e ter acesso a uma variedade maior de investimentos.
Em momentos como o que estamos passando, é impossível negar as quedas. Mas, inevitavelmente, uma carteira meramente brasileira sofreu quedas mais agudas que aquelas balanceadas com outras moedas. E o motivo não é complexo: além dos prejuízos das empresas, que refletem em suas ações, o real segue se desvalorizando, enquanto o dólar segue o caminho contrário.
Investir lá fora está mais simples. No Brasil há boas opções, como os fundos e BDRs, mas abrir uma conta em banco ou corretora no exterior ainda proporciona as melhores oportunidades. Uma coisa é certa: quem já havia se atentado para isso no passado hoje colhe os frutos e se vê num cenário bem mais otimista que os investidores locais. O momento é de aprendizado e organização para as próximas crises, que com certeza virão.
*Uriell Barros é diretor na Aurum Global Advisory, empresa goiana de finanças.