Desvio de R$ 10 milhões na Saúde de Goiânia supostamente teria ocorrido em apenas três dias
Nesta terça-feira (17/12), a corporação deflagrou operação para cumprir 5 mandados de prisão e 17 de busca e apreensão contra os investigados
A Polícia Civil de Goiás deflagrou, nesta terça-feira (17/12), uma operação para investigar o suposto desvio de R$ 10 milhões da Saúde Municipal de Goiânia, ocorrido em um intervalo de apenas três dias. A ação cumpre 5 mandados de prisão e 17 de busca e apreensão contra os suspeitos. Entre os investigados estão o ex-secretário de Saúde, Wilson Pollara, e o ex-secretário executivo de Saúde, Quesede Ayres Henrique.
A origem do esquema
De acordo com as investigações, o caso teve início em 19 de julho de 2024, quando Marcus Vinícius Brasil Lourenço, presidente da associação privada União Mais Saúde, solicitou a celebração de um convênio de R$ 10 milhões. Na época, Quesede Ayres Henrique, que atuava como secretário executivo e respondia interinamente pela Secretaria Municipal de Saúde, autorizou o pedido sem realizar:
- Publicidade do processo;
- Cotação de preços;
- Exigência de atestado de capacidade técnica;
- Observância das recomendações da Procuradoria-Geral do Município.
Seis dias depois, Quesede emitiu a nota de empenho no valor total em favor da União Mais Saúde. Em 16 de agosto de 2024, Wilson Modesto Pollara, então secretário titular da pasta, reassumiu o cargo e assinou o termo do convênio, também ignorando as orientações da Procuradoria.
Como o desvio ocorreu
Os valores começaram a ser liberados em etapas a partir de 19 de agosto de 2024:
- 19/08/2024: Pagamento antecipado de R$ 5 milhões;
- 20/08/2024: Transferência de R$ 3,2 milhões;
- 22/08/2024: Transferência de R$ 1,7 milhão.
Segundo a Polícia Civil, após o recebimento integral dos recursos, Marcus Vinícius Brasil Lourenço teria desviado os valores da seguinte forma:
- R$ 6,4 milhões para a empresa Mult Hosp Soluções Hospitalares LTDA, registrada em nome de Veriddany Abrantes de Pina;
- R$ 2,6 milhões para uma conta da União Mais Saúde, diferente daquela destinada à movimentação do convênio;
- R$ 875 mil em benefício de seu irmão, Wander de Almeida Lourenço Filho, procurador da associação.
Rastreio dos valores
Ainda conforme as apurações, Veriddany Abrantes de Pina, sócia-administradora da Mult Hosp Soluções Hospitalares, teria transferido parte dos recursos para sua conta pessoal e realizado uma série de saques em espécie que ultrapassaram R$ 1 milhão. O destino final desses valores ainda não foi esclarecido, mas há indícios de que uma parcela tenha retornado aos demais investigados.
Reações e posicionamentos
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou que cumprirá todas as determinações judiciais e está colaborando com as autoridades no fornecimento de informações e documentos necessários para o esclarecimento do caso. O portal Mais Goiás tenta contato com os demais citados, e o espaço permanece aberto para manifestações.
A investigação segue em andamento, e os responsáveis podem responder por crimes como desvio de recursos públicos, fraude em licitação e lavagem de dinheiro.