CPI do Crime Organizado: Caiado pede para ser ouvido e entra no foco nacional da pauta da segurança pública

Governador de Goiás, pré-candidato à Presidência em 2026, quer expor ações de combate às facções; relator Alessandro Vieira apresenta plano de trabalho com nove eixos de investigação
O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da CPI do Crime Organizado, apresentou na última terça-feira (4) o plano de trabalho que orientará as investigações sobre a expansão das facções criminosas no Brasil. O documento estabelece nove eixos de apuração, com foco em temas como rotas de transporte de drogas e armas, corrupção sistêmica, e falhas do sistema prisional — apontado como um dos principais vetores de fortalecimento das organizações criminosas no país.
“A CPI não se limitará a diagnosticar o problema. Vamos buscar soluções e ouvir quem está na linha de frente da segurança pública”, declarou o relator, ao apresentar as diretrizes.
Governadores serão ouvidos — e Caiado pede para ser incluído
Com base em dados do Ministério da Justiça e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Vieira propôs a oitiva de governadores de estados considerados mais e menos seguros do país, além daqueles que abrigam as principais facções criminosas.
Foram classificados como estados mais seguros:
- Santa Catarina,
- Paraná,
- Rio Grande do Sul,
- e o Distrito Federal.
Já entre os menos seguros, estão:
- Amapá,
- Bahia,
- Pernambuco,
- Ceará,
- e Alagoas.
Também deverão ser convidados os governadores de São Paulo e Rio de Janeiro, por abrigarem a origem e a estrutura central das facções mais influentes do país, como o PCC e o Comando Vermelho.
As convocações, segundo Vieira, serão sob convite, ou seja, sem caráter obrigatório — um gesto de cooperação institucional com as unidades da federação.
Fora da lista original, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), solicitou pessoalmente ao comando da CPI que também fosse ouvido. Pré-candidato à Presidência em 2026, Caiado afirmou que sua experiência na área de segurança pública pode contribuir para o debate técnico.
“É importante que Goiás apresente suas ações e resultados no combate ao crime organizado”, teria dito o governador em ligação a senadores da comissão.
Nos bastidores, a presença de Caiado é vista como politicamente conveniente, uma vez que a CPI pode servir como vitrine nacional para nomes ligados à pauta da segurança — um dos temas centrais da corrida eleitoral de 2026.
Cenário político e disputa por protagonismo
Além de Caiado, outros governadores com perfil presidencial também foram citados como exemplos de gestões bem-sucedidas em segurança pública:
- Ratinho Júnior (PSD-PR),
- Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP),
- e Eduardo Leite (PSD-RS).
Com exceção de Caiado, todos já figuram entre os nomes convidados pela CPI. Analistas veem na movimentação do goiano uma tentativa de inserir-se no grupo de governadores cotados para 2026, especialmente entre os que podem formar uma chapa de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nos corredores do Senado, a avaliação é de que a CPI deve evitar transformar-se em palanque político — preocupação expressa pelo próprio relator.
“Nosso foco é técnico. Precisamos entender o funcionamento das facções e apontar caminhos para o fortalecimento das instituições”, disse Alessandro Vieira.
Desafios da CPI
Instalada há poucas semanas, a CPI do Crime Organizado tem como principal missão mapear o avanço das facções criminosas em todo o território nacional, identificar conexões com o crime financeiro e o tráfico internacional e propor reformas legislativas que aprimorem o combate à lavagem de dinheiro, à corrupção e à infiltração do crime em estruturas do Estado.
Entre os nove temas centrais definidos estão:
- Estrutura e expansão das facções;
- Rotas de tráfico e contrabando;
- Sistema prisional e coaptação de servidores;
- Corrupção policial e institucional;
- Financiamento e lavagem de dinheiro;
- Atuação das milícias;
- Tráfico de armas e munições;
- Impactos econômicos e sociais do crime organizado;
- Propostas legislativas de enfrentamento.



