Conflito entre Israel e Irã recomeça horas após anúncio de cessar-fogo mediado por Trump

A trégua anunciada entre Israel e Irã com mediação dos Estados Unidos durou menos de 24 horas. Na madrugada desta terça-feira (24), o governo israelense afirmou que foi alvo de mísseis disparados por forças iranianas, o que teria motivado uma resposta militar imediata com ataques aéreos contra alvos estratégicos em Teerã. As autoridades iranianas, no entanto, negam qualquer violação do acordo e acusam Israel de usar o cessar-fogo como pretexto para uma ofensiva previamente planejada.
O cessar-fogo havia sido anunciado na noite anterior pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que garantiu ter obtido o compromisso das duas nações. “Ambos os lados pediram pela paz. A trégua é total e imediata”, disse o presidente em pronunciamento oficial na Casa Branca.
Israel aponta violação e reage com ataques aéreos
De acordo com o Ministério da Defesa de Israel, mísseis foram lançados a partir do território iraniano contra cidades israelenses, levando à ativação do sistema de defesa aérea e orientações para que a população buscasse abrigo. O ministro da Defesa, Israel Katz, classificou a ação como uma “violação direta” do cessar-fogo.
Em resposta, Israel afirmou ter conduzido ataques aéreos contra instalações militares na capital iraniana. Segundo o governo, os bombardeios atingiram bases da milícia Basij e resultaram na morte de membros das forças paramilitares, além de um cientista nuclear iraniano. “Enviamos uma mensagem clara: Israel não aceitará agressões disfarçadas de diplomacia”, declarou Katz.
Irã rejeita acusações e nega ter disparado mísseis
As autoridades iranianas rejeitam a versão israelense e dizem que não houve qualquer ataque contra o território de Israel. Segundo a imprensa estatal, Teerã continua comprometido com o cessar-fogo anunciado e não realizou ações ofensivas após o acordo mediado por Washington.
“Trata-se de uma construção narrativa que visa justificar agressões previamente planejadas”, afirmou um porta-voz do governo iraniano. Ainda segundo o Irã, as forças armadas só responderão militarmente caso sejam diretamente atacadas, reforçando que permanecem em posição defensiva.
Trump havia declarado ‘fim da guerra dos 12 dias’
A mediação de Trump foi apresentada como uma vitória diplomática pelo governo norte-americano. Em seu pronunciamento, o presidente afirmou que “os dois países buscaram a paz” e que “o cessar-fogo encerraria a guerra dos 12 dias”. A trégua foi recebida com alívio por aliados internacionais e vista como um possível caminho para evitar uma escalada regional.
A nova troca de acusações, no entanto, frustrou as expectativas. Até o momento, os Estados Unidos não se pronunciaram oficialmente sobre o rompimento do acordo. Espera-se que a Casa Branca comente o episódio ainda nesta terça-feira.
Reações internacionais pedem contenção
A escalada de tensões provocou reações imediatas de líderes mundiais. A União Europeia pediu calma e solicitou uma investigação independente sobre os relatos de violação do cessar-fogo. A Alemanha classificou os acontecimentos como “alarmantes” e pediu uma reunião emergencial do Conselho de Segurança da ONU.
Do outro lado, a Rússia demonstrou apoio ao Irã e afirmou que as ações de Israel são “desproporcionais” diante da ausência de provas de um ataque iraniano. “A trégua foi quebrada por interesses que não são os da paz”, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov.
Israelenses e iranianos demonstram ceticismo
Em ambos os países, o público reagiu com preocupação e ceticismo diante do rápido colapso do cessar-fogo. Em Tel Aviv, moradores relataram medo após o acionamento das sirenes durante a madrugada. “Foi um susto. Pensávamos que a trégua traria calma”, disse um residente do norte de Israel.
Já em Teerã, cidadãos criticaram a resposta militar israelense. “Nem começamos a respirar em paz e já somos atacados novamente”, declarou uma estudante universitária à TV estatal iraniana.
Especialistas alertam para risco de nova guerra regional
Analistas internacionais avaliam que a retomada do conflito representa um risco real de ampliação da crise no Oriente Médio. O assassinato de um cientista nuclear iraniano, citado por Israel como alvo militar legítimo, é considerado um ponto delicado que pode levar a uma retaliação formal do Irã, ainda que o país mantenha, por enquanto, um tom moderado.
“Se houver resposta iraniana, entramos em uma espiral de difícil contenção”, afirmou o pesquisador Yossi Mekelberg, do think tank britânico Chatham House. “A diplomacia precisa agir rápido para evitar um conflito aberto.”
O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir nas próximas 48 horas para tratar do impasse e tentar restabelecer a trégua.