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China condena jornalista a sete anos de prisão por espionagem: um novo golpe à liberdade de imprensa

Da Redação
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Um tribunal de Pequim condenou o jornalista chinês Dong Yuyu, de 62 anos, a sete anos de prisão por acusações de espionagem. A sentença foi proferida nesta sexta-feira (29) e gerou duras críticas de sua família, organizações de direitos humanos e defensores da liberdade de imprensa.
Dong, que era editor e colunista do jornal estatal Guangming Daily, afiliado ao Partido Comunista Chinês, foi preso em 2022 enquanto almoçava com um diplomata japonês. Na época, o encontro gerou especulações sobre sua suposta ligação com espionagem, levando à detenção de Dong e do diplomata, que foi libertado brevemente. Pequim chegou a classificar as atividades do diplomata como “inconsistentes com sua capacidade oficial”.
A acusação de espionagem, contudo, foi fortemente contestada por sua família e por defensores da liberdade de expressão. Em um comunicado, a família de Dong expressou indignação com a sentença, classificando-a como um reflexo da “falência do sistema de justiça na China”. Eles destacaram que as provas contra o jornalista eram fracas e que, durante o julgamento, os diplomatas japoneses foram descritos como integrantes de uma “organização de espionagem”.
“Este veredito não é apenas uma injustiça para Dong e sua família, mas também para todos os jornalistas e cidadãos comprometidos com a construção de relações amigáveis com o mundo”, afirmou a família.
Dong, um intelectual e defensor do Estado de Direito e da democracia, nunca foi conhecido por críticas diretas ao governo de Xi Jinping. No entanto, seu trabalho sempre foi marcado pela promoção de ideias liberais e sua interação com diplomatas e jornalistas estrangeiros – algo que, nos últimos anos, tem atraído a atenção das autoridades chinesas, especialmente em tempos de crescente repressão.
O jornalista também foi bolsista Nieman na Universidade de Harvard e pesquisador visitante em universidades japonesas, sendo amplamente reconhecido por seu compromisso com a liberdade de imprensa e os direitos humanos.
O caso de Dong se insere em um contexto mais amplo de repressão à liberdade de expressão na China. Em fevereiro deste ano, um tribunal de Pequim também condenou à morte, com pena suspensa, o escritor e blogueiro australiano Yang Hengjun, igualmente acusado de espionagem. Ambos os casos fazem parte de uma onda crescente de processos que visam silenciar vozes dissidentes e restringir a liberdade de imprensa no país.
O Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) condenou veementemente a sentença de Dong, chamando-a de um “veredito injusto”. A organização exigiu a imediata libertação do jornalista e afirmou que as autoridades chinesas devem garantir o direito dos jornalistas de trabalharem sem medo de perseguições políticas.
Com mais de 700 jornalistas e acadêmicos já assinando uma petição em apoio a Dong, o caso gerou uma onda de solidariedade internacional, demonstrando a crescente preocupação com os direitos de jornalistas e a liberdade de imprensa em um dos países com o maior controle sobre a mídia no mundo.
A condenação de Dong é um lembrete sombrio das dificuldades enfrentadas pelos jornalistas na China e uma clara demonstração do ambiente hostil a qualquer forma de crítica ao governo central. Em um momento em que a liberdade de expressão está cada vez mais ameaçada, a comunidade internacional segue atenta aos desdobramentos do caso e às possíveis repercussões para outros profissionais da imprensa na região.

GED

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