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Censo levanta perfil da população de rua na capital

Pesquisa realizada pela UFG, em parceria com a Prefeitura de Goiânia, servirá para subsidiar a elaboração de políticas públicas específicas para essas pessoas

A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Politicas Afirmativas (SMDHPA), divulgou nesta terça-feira (10/12) o levantamento do censo e perfil da população em situação de rua e a primeira pesquisa sobre os trabalhadores de rua em Goiânia. Os dados foram colhidos por meio de parceria entre a Prefeitura de Goiânia e a Universidade Federal de Goiás (UFG). As novas informações servirão para subsidiar a elaboração de políticas públicas específicas para essas pessoas.

A apresentação ocorreu no dia que se comemora a Declaração Universal dos Direitos Humanos, referendado em 10 de novembro de 1948. O secretário municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas, Filemon Pereira, destacou que a ideia do censo surgiu no início do ano e a parceria com a UFG visa buscar a solidez de um “trabalho acadêmico cientifico e não movido apenas por convicções”.

Filemon Pereira explicou que a secretaria buscou o envolvimento de outras pastas, como a Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres (SMPM) e a de Assistência Social (Semas), além de outras instituições como Defensoria Pública, Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). “Esse trabalho de parceria é essencial. A iniciativa foi autorizada pelo prefeito Iris Rezende demonstrando que essa é uma gestão que não está preocupada apenas com obras físicas, todos estão vendo aí, entrega de trincheira, avenidas, obras sendo feitas, mas nossa preocupação também é cuidar do ser humano, é uma responsabilidade nossa, da prefeitura”, ressaltou.

O secretário acredita que o levantamento ajudará o poder público no trabalho de acolhimento das pessoas que moram na rua e também das que estão em situação de rua. O primeiro caso é de pessoas que ficam exclusivamente na rua e não têm para onde ir, nenhum lar. O censo apontou que 353 pessoas se encontram nessa situação. “Mas também temos casos de pessoas que trabalham, têm seus laços sociais na rua, mas que possuem algum tipo de lar, seja em casa de parentes, algum familiar, ou amigo”, explicou. De acordo com a pesquisa, há em Goiânia outros 435 trabalhadores de rua, que trabalham nos semáforos, por exemplo.

A diferenciação, segundo o professor e coordenador da pesquisa, Dijaci David de Oliveira, do departamento de Ciências Sociais da UFG, segue padrão internacional para separar quem não possui um lar e mora exclusivamente na rua de quem está em situação de rua, com emprego precário, e mantém as relações sociais também no ambiente de rua, embora tenha algum lugar fixo de moradia.

O secretário Filemon afirmou que próximo passo é aprofundar os dados já levantados para dar inicio aos futuros projetos. “Queremos saber quem são, porque estão ali, qual motivo para estarem ali. Agir com a força ou truculência nunca foi a medida mais assertiva, vamos buscar entender, ajudar e recuperar essas pessoas”, falou.

Na próxima etapa serão realizadas 80 entrevistas em profundidade, para buscar informações que visam direcionar as ações.

O professor da UFG Ricardo Barbosa parabenizou a condução feita pela Prefeitura de Goiânia para subsidiar a implementação de políticas públicas para pessoas vulneráveis. “Possibilidade de não só ter a política, mas fazer monitoramento e avaliação constante da política. É lógico que a gente avança levantando dados, mostrando os limites da produção desses dados, expondo esses dados à crítica, e a partir desse diálogo constante e construtivo, a universidade, cumprindo seu papel, propicia aos movimentos sociais, à Prefeitura de Goiânia, subsídios para a implementação de políticas públicas para tentar enfrentar os grandes problemas que a cidade apresenta para todos nós”, disse.

O titular da Semas, Mizair Lemes Júnior, pontuou as melhorias no aparato da prefeitura para o acolhimento do público, com novas sedes da Casa da Acolhida e o Centro Pop. “Diariamente convivemos com esse população e é uma situação complexa, pois não envolve apenas o querer da pessoa de estar na rua, mas um conjunto social e histórico do porque ela foi ficar na situação de rua. Talvez algum distúrbio, agressão, violência sexual, e a pesquisa nos ajudará na melhoria de nossas ações, disse.

Também acompanharam a solenidade de apresentação do censo a secretária de Políticas para as Mulheres, Ana Carolina, o coordenador do Movimento da População em Situação de Rua, Dennis Oliveira, e o Comandante do Policiamento da Capital (CPC), coronel Edson Ferreira Moura.

Confira aqui o Censo da população de rua
Confira aqui a pesquisa sobre os trabalhadores de rua

Diego Reis, da Diretoria de Jornalismo
Foto: Edilson Pelikano

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