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Candidatos não apresentam propostas no último debate antes do 2º turno

Lula e Bolsonaro falaram direto com apoiadores

Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usaram o espaço e o tempo do último debate presidencial antes do 2º turno para falar diretamente com os próprios apoiadores. Ao longo de cinco blocos, não foram apresentadas propostas e ambos os candidatos se limitaram a trocar farpas e a exaltar os próprios governos.
 
O debate foi transmitido pela Rede Globo na noite desta sexta-feira (28/10) e foi dividido em dois blocos de tema livre, dois com temas escolhidos de uma pré-seleção e um para as considerações finais.
 
O primeiro bloco deu o tom e já foi marcado apenas por acusações. Apesar da tentativa vã de uma ou outra pergunta, nenhuma proposta foi apresentada de ambas as partes, com os dois candidatos chamando um ao outro de mentiroso repetidas vezes.
 
Bolsonaro anunciou salário mínimo de R$ 1.400 para 2023. Lula criticou:

Este homem governou quatro anos e não deu 1% de aumento de salário mínimo, não aumentou o valor da merenda escolar. Esta é a verdade e isso o povo sabe porque está sentindo na carne. Houve apenas uma reposição inflacionária. Essa é a verdade que está nos números”.

Bolsonaro declarou estar sendo perseguido pelos poderosos. “Todo mundo sabe que o sistema está contra mim: grandes sistemas de televisão, o TSE”, disse. O primeiro bloco acabou sendo monotemático, com os dois candidatos se recusando a responder questões e com Bolsonaro retomando a questão da ação das inserções de rádio no TSE.
 
Também sobrou tempo para velhas acusações sobre corrupção. Sobre a transposição do rio São Francisco, Bolsonaro disse que o que Lula fez foi “transpor dinheiro para o seu bolso”, ao que o petista rebateu: “Grana no bolso o povo brasileiro sabe que quem levou foi a família de Jair Bolsonaro”. Ele mencionando as rachadinhas e os imóveis adquiridos com dinheiro vivo e voltou a chamar o ex-juiz Sergio Moro de mentiroso.
 
Sobrou até pro Bonner, pelo jornalista ter se referido a Lula como inocente em uma entrevista anterior. “Como jornalista eu não digo coisas da minha cabeça. Minha fala embasada em decisões fundamentadas do STF”, respondeu o jornalista.
 
Como não podia deixar de ser, Roberto Jefferson também apareceu na discussão, com um candidato acusando o outro de ser amigo próximo do petebista, preso por atirar granadas e disparar com um fuzil contra agentes da Polícia Federal.

Acabou de tentar esconder o Roberto Jefferson, o homem das armas, o pistoleiro dele”, acusou Lula. Bolsonaro respondeu dizendo que Jefferson “pegava grana de você pra comprar voto no Congresso Nacional”.

 
“Quem atira em policial é bandido, é assim que eu trato bandido!”, disse Bolsonaro sobre o caso de Roberto Jefferson, dizendo que prontamente mandou ele ser preso. Lula lembrou que Bolsonaro tem fotos com Roberto Jefferson, e Bolsonaro se defendeu: “não tenho nenhuma amizade com ele”.
 
No segundo tema, Bolsonaro escolheu respeito à Constituição e declarou que sempre em sua carreira

jogo dentro das quatro linhas da Constituição”. Falou que Lula defende invasão de terras e de casas. “Ele todo santo dia vive ameaçando e xingando pessoalmente os ministros da Suprema Corte”, defendeu Lula. “Você não tem respeito pela Constituição, você tem é medo da Constituição”, completou.

 
Depois, Lula apresentou uma reportagem de 1992 em que Bolsonaro supostamente dá a entender que apoia o aborto, mas o tiro saiu pela culatra. Bolsonaro aproveitou a brecha da mudança de assunto para emplacar a sua pauta moral, alinhando ataques. “30 anos atrás, eu posso mudar, ora. Você falou que aborto era questão de saúde pública, você é abortista convicto. Você é favorável a liberação das drogas, a ideologia de gênero, você não pensa na família e nas crianças, Lula?”. Ele também disse que o MST e o PT levam “o terror ao interior do Brasil” com a invasão de terras.

No terceiro bloco, novamente com tema livre, Lula abordou saúde e a pandemia da covid-19, voltando a abordar a demora em começar a vacinação e a combater a doença. “O Brasil foi referência ao mundo no tocante à vacina”, rebateu Bolsonaro. “Se você tomou vacina, agradeça ao presidente Jair Bolsonaro, tá ok?”, completou.
 
“Ele não responde porque deve pesar na consciência dele”, disse Lula, ressaltando que maior celeridade na resposta da pandemia poderia evitar 200 mil mortes. Bolsonaro mudou de assunto, lembrando de ações contra a saúde no governo Lula e salientando esquemas de corrupção nas obras de preparação para a Copa de 2014.
 
“Sabe o que você fez a mais? Comprou 35 mil caixas de Viagra para as Forças Armadas”. “É usado para vários tratamentos de próstata. Você não usa Viagra?”. “E só as Forças Armadas têm direito? Por que o resto do povo não tem direito?”. Bolsonaro então criticou o programa Mais Médicos com os médicos cubanos. “Você usou o Brasil para mandar dinheiro para Cuba, roubando o salário dos médicos!”, acusou.
 
Bolsonaro então tocou no assunto da segurança pública, principalmente a desmilitarização da polícia e de finalizar a guerra as drogas, supostamente de um documento do PT que tem circulado nas redes sociais. Lula disse que o documento é de um setorial do PT e que não faz parte do programa de campanha. “Negros contra brancos, gays contra heteros, patrões contra empregados, seu partido realmente é bom em dividir”, respondeu Bolsonaro.
  
No quarto bloco, Bolsonaro escolheu como tema “criação de empregos” e destacou que milhares de postos de trabalho foram criados neste ano. O presidente também enumerou outras ações na área trabalhista que ampliaram a ocupação e geração de renda no Brasil.

Temos o parlamento perfeitamente afinado conosco. Tudo acertado para decolarmos. Vamos crescer mais do que a China e temos inflação menor do que a Europa e os EUA”, disse. Bolsonaro também destacou o Pix, o perdão de dívidas do Fies e o crescimento do MEI. Lula por sua vez, apresentou algumas propostas, como ampliar isenção do IR, se reunir com prefeitos e criar uma política própria para o MEI.

Lula escolheu o tema meio ambiente. “Até quando o senhor vai continuar a política de desmatamento nos biomas brasileiros?”, questionou, e prometeu acabar com a invasão de terras indígenas, queimadas e garimpos ilegais. Bolsonaro trouxe dados para argumentar que reduziu o desmatamento e que “tem que diminuir mais e estamos nos esforçando pra isso”. O presidente também prometeu investir pesadamente em energia eólica na costa do Nordeste.
 
Nas considerações finais, ambos falaram novamente de forma direta com seus apoiadores. Lula destacou o papel do seu governo na cultura, na economia e na educação. “Os melhores momentos que esse país viveu foi quando eu governei esse país. A gente pode reconstruir esse país”, disse.
 
Já Bolsonaro voltou para a pauta de costumes. “Mais do que escolher um presidente, é escolher o futuro da nossa nação, se viveremos em liberdade ou não, se será respeitada a família brasileira”, decretou.

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