Goiânia

Após desentendimento, médicos denunciam diretores do hospital São Francisco de Assis em Goiânia; veja vídeo

Denúncias foram feitas pelos médicos Nelson Gillet (85 anos), Eliana Frota (75 anos), Eliza Jayme Frota e Fauzer Mendonça

Os médicos Nelson Gillet (85 anos), Eliana Frota (75 anos), Eliza Jayme Frota e Fauzer Mendonça denunciaram os também médicos Hugo Frota Filho, diretor-geral do Hospital São Francisco de Goiânia, e seus filhos Hugo Frota Neto e Pedro Seronni Frota, por agredi-los fisicamente. As vítimas foram ao Primeiro Distrito, Delegacia do Idoso, Delegacia da Mulher e Instituto Médico Legal (IML).

Na narrativa de uma das denúncias – de Nelson Remy –, é exposto que Hugo Filho “invadiu” o consultório do médico plantonista Fauzer Mendonça e o expulsou do local, em meio a um atendimento, com “socos e pontapés”.

Nelson, que soube da confusão por telefone pela médica Eliza Jayme, teria ido até o local, uma vez que é cunhado de Hugo, e viu o diretor empurrando Fauzer. Enquanto isso, Eliza filmava as agressões.

Após perceber as filmagens, segundo a denúncia, Hugo teria ido para cima da médica para agredi-la, enquanto Nelson tentava acalmá-lo. O diretor, então, teria colocado o dedo no rosto do denunciante e dito que colocaria Fauzer para fora, pois ele não trabalhava mais ali, e que era “o dono do hospital”.

Quando Nelson pediu para que Hugo tirasse o dedo do rosto dele, o diretor fez um gesto para agredi-lo, uma enfermeira o impediu, mas acabou levando um soco na região do braço. Depois de um tempo, quando os ânimos pareciam ter se acalmado, conforme a denúncia, Nelson virou as costas para sair e recebeu dois socos, sendo que um acertou a nuca.

Ainda no boletim, depois dessa agressão, Hugo Neto, filho do diretor, teria dito ao reclamante: “Sai daqui senão você vai apanhar.” Nelson rebateu (“então bate”) e Neto o empurrou. Nessa hora, Nelson afirma que Pedro Seronni Frota, também filho do diretor Hugo, torceu o punho de Eliza e jogou o celular dela no chão. Inclusive, uma gravação da médica reclamando que Pedro quebra o celular dela.

O vídeo enviado ao portal, em que Eliza aparece gritando, foi feito por um dos pacientes que estava no pronto-socorro. Em uma das denúncias, é informado que as agressões só terminaram quando a Polícia Militar (PM) chegou. E um advogado do hospital ainda convenceu os policiais a irem embora, se perdendo a questão do flagrante. Um interlocutor informou que irá acionar a corregedoria.

Eliana Frota, que também tentava acalmar os ânimos, foi jogada no chão pelo médico Hugo Frota Filho. O caso ocorreu no dia 1º de fevereiro.

Mais detalhes e documentos

Ainda conforme documentos enviados, os funcionários também impediram que Eliza apanhasse, no começo da confusão. “Não bate nela, ela é mulher”, eles teriam dito.

Em relação a este início de conflito, ele teria ocorrido, pois, nos grupos de WhatsApp do hospital, Fauzer foi exigido a fazer atendimentos mais rápidos para cumprir uma meta da unidade. Quando ele se recusa, os acontecimentos se desenrolam.

Uma notificação extrajudicial ao hospital, inclusive, aponta que a direção determinou que os funcionários não depusessem sob pena de demissão. O documento pede que isso não aconteça. O grupo também acionará a Justiça Trabalhista neste sentido.

Medidas cautelares

A polícia já concedeu medidas cautelares para Eliza em relação a Pedro. Também foram feitas representações ético-disciplinares no Conselho Regional de Medicina (CRM) contra os três médicos.

Ainda sobre as medidas cautelares foram elas: proibição de acesso ou frequência a determinados lugares, especificamente o pronto-socorro do Hospital São Francisco de Assis; proibição de manter contato com a requerente, direto ou por qualquer meio de comunicação; cassação de registro ou porte de arma de fogo em nome do agressor.

Estas foram pedidas, pois Pedro Seronni, que não trabalha no pronto-socorro, estaria frequentando o local e intimidando Eliza, na última quinta-feira (3). O filho do diretor trabalha em um prédio anexo.

Mensagens em grupo de whatsapp teria motivado agressões

No relato feito a polícia, o médico Fauzer Mendonça aponta que já vinha sendo vítima de coações e ameaças de demissão, sempre acompanhado de cobranças para que fosse mais ágil em seus atendimentos. O médico plantonista questionou em um grupo interno do hospital essa orientação para que seu “atendimento fosse célere, em detrimento da qualidade”. Esses questionamentos teriam irritado o diretor do hospital, que decidiu expulsar o médico do consultório.

Segundo as vítimas, foram protocolizadas denúncias contra Hugo Filho, Hugo Neto e Pedro Frota, no Conselho Regional de Medicina e na Procuradoria do Trabalho. Também foram requeridas medidas protetivas à mulher e aos idosos.

O caso tem tomado uma repercussão expressiva na polícia e no judiciário em razão da médica vítima da agressão ser nora do Vice-Presidente da OAB-GO Thales Jayme.

Posição da direção do Hospital

A assessoria do Hospital São Francisco de Assis encaminhou o posicionamento da direção sobre o ocorrido. De acordo com a nota, se trata de um assunto interno do hospital que foi levado à público de “forma inverídica, com injúrias e difamação” aos diretores.

O departamento jurídico do hospital também apontou que o médico que foi retirado do hospital já havia sido desligado, mas no dia da confusão realizou atendimentos “contrariando normas da diretoria e seu afastamento”.

Veja nota na integra:

NOTA DE ESCLARECIMENTO – HOSPITAL SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Há 54 anos, o Hospital São Francisco de Assis vem atuando e se destacando como uma instituição de referência em Goiás na assistência médico-hospitalar.

Somos uma empresa familiar, sempre atenta às demandas do mercado e pronta para oferecer o melhor aos pacientes.

O Hospital São Francisco de Assis é um hospital acreditado pela ONA e que sempre prezou por bom atendimento aos pacientes e pelo respeito a nosso corpo clínico, colaboradores, fornecedores e clientes.

Hoje, 4 de fevereiro, infelizmente nos vimos envolvidos em uma narrativa sem fundamento. Um assunto interno do hospital foi levado à público de forma inverídica, com injúrias e difamação a nossos diretores.

Estamos adotando todas as medidas cabíveis para sanar esse problema, acionando a Polícia, o Conselho Regional de Medicina, demais órgãos competentes, além da administração interna.

Há mais de meio século, temos compromisso com a verdade, médicos, colaboradores e pacientes. Essa acusação infundada e leviana não vai manchar o nosso trabalho nem a imagem da nossa instituição ou da diretoria.

Sobre esse entrevero, a Assessoria Jurídica esclarece que, no dia 31 de janeiro, um médico que atendia no hospital, foi desligado do corpo clínica em razão de diversas reclamações junto ao controle de qualidade e a nossa ouvidoria. Mas, no dia 2 de fevereiro, ele compareceu ao plantão, contrariando normas da diretoria e seu afastamento.

Comunicado da presença dele no hospital, o diretor geral, buscando garantir a qualidade dos serviços prestados aos pacientes, determinou a saída do médico da instituição, da qual, reiteramos, ele já tinha sido afastado.

Houve então a intervenção de um sócio, não integrante da administração do hospital, que agrediu nosso diretor geral, alegando que, na condição de sócio, teria legitimidade para permitir a entrada do médico demitido.

Foi necessária a intervenção policial para a retirada do médico invasor e do sócio agressor. Mas, ao contrário do que tenta sugerir o vídeo divulgado pelos denunciantes, não houve agressão por parte da diretoria. As imagens de hematomas, também divulgadas, são incompatíveis com o período da alegada agressão.

Estamos adotando todas as medidas cabíveis para sanar esse problema, acionando a Polícia, o Conselho Regional de Medicina, demais órgãos competentes, além da administração interna.

Atenciosamente,

Diretoria do Hospital São Francisco de Assis

GED

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