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Após calor recorde, goianos podem esperar pancadas de chuva e frente fria

Especialistas meteorológicos alertam que o próximo período chuvoso em Goiás poderá trazer volumes de precipitação abaixo da média histórica e será caracterizado por tempestades e chuvas irregulares. Essa previsão é fortemente influenciada pelo fenômeno climático El Niño, que, associado às mudanças climáticas globais, tende a perturbar os padrões climáticos regionais. A expectativa para agora é que massas de ar frio provenientes da região Sul do Brasil adentrem a região Sudeste, trazendo alívio para a onda de calor por meio de chuvas que devem se intensificar durante o final de semana.

André Amorim, gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), enfatiza que essa combinação de calor e umidade é propícia para o desenvolvimento de chuvas intensas e tempestades, como as ocorridas na quarta-feira (27/9)  em Rio Verde, onde foram registrados até 60 milímetros de chuva, ventos de até 75 quilômetros por hora e queda de granizo. 

“Até mais tarde a gente vai ter muitas pancadas de chuva. Inclusive, aqui em Goiânia, alguns locais o pessoal já está ouvindo aí até os trovões, raios. Realmente é muito complicado esse período aqui porque você pode ter uma virada rápida nas condições do tempo e ter a ocorrências de tempestades. Então o pessoal tem que ficar de olho”, diz. 

Essas condições climáticas são típicas da transição da estação seca para o período chuvoso da primavera, que, nas próximas semanas, deverão ocorrer chuvas mais regulares em todo o estado. De acordo com a Cimehgo, em 2022, por exemplo, Goiânia registrou 1.610,5 milímetros de chuva, ligeiramente abaixo da média climatológica anual de 1.630 milímetros. 

Nas últimas semanas, Goiás enfrentou temperaturas extremamente elevadas devido a uma onda de calor que afetou grande parte do país. Municípios em todo o estado registraram temperaturas superiores a 40°C, um fenômeno que ocorre quando a temperatura máxima excede em até 5°C a temperatura máxima esperada para o período. 

Elizabete Alves, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explicou ao jornal O Hoje que o fenômeno El Niño, por exemplo, tem contribuído para um aquecimento maior na região central do Brasil. Além disso, o aquecimento do Atlântico favorece a evaporação, aumentando a umidade em algumas áreas do país. Isso tudo tem culminado em um calor intenso, especialmente na região central, que, por sua vez, está associado a um sistema de alta pressão em altitudes de cerca de seis quilômetros, impedindo a chegada de frentes frias e mantendo o calor por vários dias.

Angel Domínguez Chovert, meteorologista do Centro de Excelência em Estudos, Monitoramento e Previsões Ambientais do Cerrado (Cempa-Cerrado/UFG) explicou que, embora a massa de ar sobre Goiás esteja quente e seca, as altas temperaturas aceleram o processo de evaporação da água, criando condições favoráveis para a formação de nuvens e precipitações em áreas específicas. Isso explica os picos de chuva e vento em meio a períodos de calor extremo.

GED

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