Alta do IOF gera insegurança e faz investidores considerarem aportes fora do Brasil

Da Redação
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O recente aumento na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciado pelo governo federal na última semana, está mexendo com o humor do mercado e despertando cautela entre investidores. Segundo Bruno Venditti, sócio da OnField Investimentos, o movimento abrupto elevou a sensação de incerteza no ambiente de negócios, levando parte do mercado a considerar estratégias de proteção e até mesmo realocação de recursos para fora do Brasil.
“Quando tem esse movimento abrupto, gera essa incerteza no investidor, e o investidor começa a ter mais medo. Com mais medo, às vezes, ele quer tomar medidas antecipadamente. Então a gente vê alguns movimentos, alguns investidores mais robustos que começam a aventar a possibilidade de fazer um aporte maior fora do Brasil por conta de uma possível insegurança”, afirmou Venditti em entrevista ao Mercado Aberto.
A declaração vem em um momento em que o governo tenta justificar a mudança como parte de um esforço para recompor receitas e reforçar o equilíbrio fiscal. No entanto, o impacto no setor financeiro foi imediato: a elevação da alíquota do IOF, que incide sobre operações de crédito, câmbio, seguro e títulos, repercutiu negativamente entre analistas e operadores.
Com o aumento, investidores que realizam operações com câmbio ou movimentações internacionais sentem diretamente o peso da nova tributação. O mercado vê o IOF como um instrumento que, além de arrecadatório, também pode ser usado como ferramenta regulatória – o que amplia a percepção de instabilidade quando há mudanças inesperadas.
A movimentação do governo foi interpretada como um sinal contraditório, especialmente no momento em que o país tenta atrair investimentos e fortalecer a imagem de previsibilidade econômica. Para parte do mercado, medidas como essa aumentam o chamado “risco Brasil” e tornam o ambiente menos atraente para grandes aportes de capital.
Em resposta à nova tributação, especialistas relatam uma tendência de aumento na procura por instrumentos de proteção cambial, como contratos futuros de dólar, e por ativos atrelados a moedas fortes. Ainda é cedo para medir o real impacto da medida nos fluxos de capital, mas a expectativa é de que o governo tenha de administrar a repercussão com cautela.